Os ambientalistas e muitos especialistas, que de início saudaram os veículos com mecânicas híbridas plug-in (PHEV), são agora crescentemente críticos da solução. Em causa está o facto de ser impossível garantir que as baterias são recarregadas, abrindo mão das vantagens que poderiam assegurar aos seus utilizadores e ao ambiente, pondo assim em causa as ajudas e incentivos que recebem. Desagradado com as críticas aos PHEV, em que a Mercedes aposta em grande parte da sua gama, o CEO da marca, Ola Kallenius, decidiu contra-atacar.

A ideia que presidiu à criação dos PHEV não podia ser mais prática e funcional. A finalidade é ter o motor eléctrico e a respectiva bateria a ajudar o motor de combustão, para reduzir o consumo e as emissões no modo híbrido. Já em modo eléctrico, este tipo de solução permite percorrer distâncias, umas mais generosas que outras, confiando exclusivamente no motor alimentado por bateria, baixando os custos e as emissões, desde que o condutor recarregue a bateria com regularidade. E este é o ponto que expõe os PHEV aos ataques dos especialistas e dos ambientalistas.

Os fabricantes, especialmente os alemães da Mercedes e BMW, concentraram-se nos PHEV em vez de apostar directamente nos modelos 100% eléctricos, pois não só são mais baratos de conceber e fabricar (por manterem as mesmas plataformas e linhas de produção dos veículos convencionais com motores de combustão), como evitam o investimento nos modelos electrificados, mais caros e com uma tecnologia que ainda não dominam. De realçar que os PHEV são beneficiados pelo legislador, ao usufruírem de parte das vantagens concedidas aos 100% eléctricos, pois são considerados apenas os primeiros 100 km para calcular o consumo e partindo sempre do princípio que o início da deslocação ocorre com a bateria a 100%. Só assim conseguem anunciar consumos entre 1 e 2 litros/100 km, quando os modelos mais pesados e volumosos facilmente superam em quatro ou cinco vezes este valor, nas centenas de quilómetros seguintes.

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Fantasia dos híbridos plug-in condenada a acabar?

Os críticos dos PHEV chamam a atenção para os estudos apontarem para o reduzido número de condutores que recarregam habitualmente a bateria, sendo esta situação ainda mais evidente nos modelos mais caros. Nesta condições, os veículos PHEV, especialmente se se tratarem de SUV grandes e pesados, acabam por ser piores (em consumos e emissões) do que os seus congéneres só com motor de combustão, uma vez que são mais pesados e não estão a ser utilizados da forma para a qual foram concebidos. Kallenius declarou à Automotive News que a Mercedes incrementou a capacidade da bateria dos seus PHEV, para deixar para trás a anterior autonomia em torno de 50 km em modo eléctrico e passar a apontar a 80 ou 100 km, o que, segundo o gestor, torna o veículo mais interessante de recarregar de energia e de usar em modo zero emissões.

Garantindo que os ataques dos críticos vão deixar de fazer sentido nos Mercedes PHEV da 3ª geração, dando como exemplo o novo Classe C que percorre 100 km em modo EV, Kallenius recorda ainda que a nova app “Mercedes me” desafia os condutores a partilharem os consumos que atingem e criar um ranking, soluções que visam incentivar a utilização do modelo sem recorrer ao motor de combustão. Resta saber se os clientes da marca mudam de hábitos e exploram o potencial do modo EV com maior autonomia.