Uma nova investigação interna considerou “totalmente infundada” a teoria de que o regresso de Martin Bashir à BBC, em 2016, serviu para encobrir as irregularidades cometidas aquando da polémica entrevista à princesa Diana, pelo mesmo jornalista, em 1995.
Segundo noticia a Sky News, o inquérito concluiu que nenhum dos envolvidos na contratação de Bashir, na altura como correspondente para os temas de religião e cerca de 17 anos depois de ter trocado a estação pública pela ITV, conhecia o conteúdo do relatório Dyson, o mesmo que apontou a conduta do jornalista, em particular os métodos ilícitos usados para convencer a princesa de Gales a dar uma entrevista ao programa “Panorama”.
“Não encontrei quaisquer evidências de que Martin Bashir tenha voltado a ser contratado para conter ou encobrir as circunstâncias em que o programa ‘Panorama’ se desenrolou, em 1995. A meu ver, essa teoria é totalmente infundada”, referiu Ken MacQuarrie, membro da administração da BBC, em comunicado.
Adicionalmente, Tim Davie, diretor-geral do canal, insistiu na necessidade de garantir “práticas melhores e mais consistentes” nos processos de recrutamento. “Sem dúvida que, se esta organização tivesse conhecimento da informação que agora é publicamente conhecida como o relatório Dyson, Martin Bashir nunca teria voltado a ser contratado”, afirmou ainda.
Atualmente com 58 anos, Martin Bashir permaneceu na BBC até maio deste ano. A sua saída deu-se imediatamente antes de uma investigação independente (às circunstâncias em que decorreu a polémica entrevista) ter tornado públicas as suas conclusões. Levada a cabo por iniciativa do ex-magistrado John Dyson, o documento ficou conhecido como relatório Dyson. Nele, é confirmada a existência de extratos bancários falsos, apresentados pelo jornalista, como forma de provar que Diana estaria a ser permanentemente vigiada a pedido da Casa Real. Tais alegações terão sido decisivas para que a princesa, na altura em clima de guerra com Carlos e com toda a família real, concordasse em dar a entrevista e em falar abertamente sobre a traição do príncipe de Gales com Camilla Parker Bowles.
Na sequência do relatório, Bashir veio defender-se: “Nunca quis prejudicar Diana e não acredito que o tenhamos feito […] Tudo o que fizemos em termos da entrevista foi como ela queria, desde a altura em que ela quis alertar o palácio a quando foi para o ar, mas também o seu conteúdo”. Além de Martin Bashir, também a BBC é apontada no relatório Dyson por ter falhado na defesa da “regulamentação, da responsabilidade e do escrutínio”.
Enquanto, Charles Spencer, irmão de Diana, pediu que o caso fosse investigado pelas autoridades britânicas, também William e Harry se pronunciaram publicamente sobre as novas conclusões. O primeiro referiu que não foi apenas “o jornalista desonesto” que falhou a Diana, mas também os responsáveis da BBC, “que olharam para o outro lado em vez de fazerem as perguntas difíceis”. Já o irmão mais novo afirmou: “A nossa mãe perdeu a vida por causa disto e nada mudou”.
As suspeitas de que documentos teriam sido falsificados para pressionar Diana a falar sobre o seu casamento com Carlos para uma audiência de milhões surgiu pouco tempo após a entrevista. Um ano depois, uma investigação interna levada a cabo pela BBC concluiu, no entanto, não ter havido quaisquer irregularidades em torno do programa.