O AZD7442, o nome dado pela AstraZeneca ao medicamento que estava a desenvolver juntamente com a Universidade de Oxford para prevenir e tratar a Covid-19, falhou. Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a farmacêutica afirma o “ensaio não atingiu o objetivo primário de prevenção pós-exposição de Covid-19 sintomático com AZD7442 em comparação com placebo”.

Este remédio contava com combinação de dois anticorpos monoclonais (anticorpos idênticos) para poder ser eficaz. Em agosto de 2020, quando a AstraZeneca anunciou que ia começar a fazer testes para averiguar a eficácia deste método de prevenção, estava igualmente a testar a vacina que, atualmente, é uma das utilizadas por Portugal.

Covid-19: farmacêutica AstraZeneca inicia ensaios clínicos de novo medicamento

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Na altura, a empresa apelidou o teste como um “marco importante” no desenvolvimento de um medicamento que tinha o potencial de prevenção da doença para as pessoas mais expostas ao novo coronavírus, assim como a possibilidade de tratar doentes com Covid-19.

A empresa adianta que “na população geral do estudo, o AZD7442 reduziu o risco de desenvolver Covid-19 sintomático em 33%”. Contudo, este resultado não é “estatisticamente significativo”. O tratamento anticorpos encontrava-se na fase três de desenvolvimento, ou seja, em ensaios clínicos em larga escala para aferir a sua segurança e eficácia.

Myron J. Levin, o investigador principal deste estudo e professor de pediatria e medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, EUA, disse: “Os resultados do STORM CHASER [nome dado ao teste a este remédio] sugerem que o AZD7442 pode ser útil na prevenção da Covid-19 sintomático em indivíduos ainda não infectados”. O médico adiantou também que “embora os esforços de vacinação Covid-19 tenham sido bem-sucedidos, ainda há uma necessidade significativa de opções de prevenção e tratamento para certas populações, incluindo aqueles que não podem ser vacinados ou aqueles que podem ter uma resposta inadequada à vacinação”

Segundo a farmacêutica, participaram inicialmente neste teste 48 voluntários entre 18 e 55 anos no Reino Unido que não estão vacinados. Nesta última tentativa, o teste incluiu 1.121 participantes. De forma aleatória, vários receberam um placebo. Todos os participantes tiveram, previamente, “um teste de anticorpos SARS-CoV-2 negativo no dia da dosagem para excluir infeção anterior”. Além disso, foi também feito uma análise PCR com recolha de amostra nasofaríngea.

O desenvolvimento desse tratamento é financiado pela administração dos Estados Unidos, que assinou um acordo com a AstraZeneca para receber até 700 mil doses este ano. No total, o valor dos acordos para o desenvolvimento do tratamento e para a entrega das doses chega a 726 milhões de dólares (cerca de 600 milhões de euros) este ano, com a AstraZeneca a adiantar hoje que estão a decorrer negociações “sobre os próximos passos com o Governo dos Estados Unidos”.

Em vários países europeus, a vacina da farmacêutica anglo-sueca, denominada Vaxzevria, enfrenta restrições etárias, sendo recomendada em Portugal para pessoas acima dos 60 anos.

Esta decisão surgiu dias depois da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) ter indicado uma “possível ligação” entre a vacina e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos, mas salientando que os benefícios de receber o fármaco superavam largamente os riscos dos seus efeitos secundários.

Na segunda-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) criticou a circulação de informação errada sobre a vacina, alegando que um funcionário da agência foi mal interpretado numa entrevista ao jornal italiano La Stampa.

*Artigo atualizado às 19h18 com mais informação da Agência Lusa.