Nas últimas eleições autárquicas, em 2017, Rui Moreira afirmou que aquele seria o seu último mandato, mas a pandemia e a vontade de deixar obras concluídas fizeram-no, aparentemente, mudar de ideias. O anúncio, feito no passado domingo pela associação cívica “Porto, o Nosso Movimento”, não apanhou quase ninguém de surpresa e até já conta com o apoio do CDS, Iniciativa Liberal, Nós! Cidadãos e MAIS – Movimento da Cidadania Independente.
Minutos antes da chegada do autarca do Porto, já a sala do renovado Pavilhão Rosa Mota tinha mais de 400 cadeiras espalhadas pela arena e música ambiente enquanto se acertava a intensidade das luzes. No palco, um púlpito com um painel azul onde se pode ler as iniciais do candidato que começou o seu discurso por sublinhar o seu carimbo de independente.
“Sempre nos focamos num Porto independente das ideologias, independente dos protagonistas partidários e independente das agendas centralistas que recorrentemente nos querem impor”, disse, acrescentando algumas críticas ao poder central, que o obrigou a mudar o lema da campanha para “Aqui há Porto”. “Este caminho incomodou muita gente, principalmente aqueles que (como se diz no Porto) ‘não têm noção’ e continuam a trocar o Porto pelo Terreiro do Paço, ao ponto de não terem descansado enquanto não criaram um lei para nos impedir de voltar a usar o lema ‘O Nosso partido é o Porto'”.
Apesar disso, Rui Moreira garante estar pronto para sair à rua nos próximos meses para ganhar eleições e, assim, “concluir os projetos que a pandemia atrasou”. “Acredito que tenho condições para projetar um futuro ainda melhor para o Porto e para as suas gentes.” Fá-lo, diz, apesar de todos os adversários que encontrará pelo caminho. “Sabem que podem contar sempre com a minha voz e a minha força na defesa intransigente do Porto, por mais que me traga perseguições e dissabores”, afirmou, sem nunca mencionar o famoso Caso Selminho.
O autarca traça ainda a receita ideal para conseguir ganhar estas eleições numa “campanha diferente das outras”. “Estou certo de que a política rasteira e infame nunca chegará ao Porto, mas sim zumbirá de outros poleiros. O debate aberto e positivo será o caminho certo para construirmos uma cidade cada vez mais independente, livre, economicamente forte, criadora de emprego e riqueza, vibrante e sustentada.”
Interrompido por aplausos dos mais de 400 apoiantes, Moreira recorda, em jeito de balanço, o que fez nos últimos 8 anos, da educação à mobilidade. “Como nunca prometemos, nunca construímos obras faraónicas”, afirma, acrescentando obras bandeira como o Mercado Bolhão, o Cinema Batalha, o Intermodal de Campanhã, as novas linhas de metro, a nova ponte sobre o Douro ou o Matadouro Industrial, o seu “projeto preferido”, aquele que teve de “penar pelos labirintos do Tribunal de Contas”.
As “contas à moda do Porto” também não foram ignoradas pelo independente, que lembrou que em 2019 a autarquia terminou o ano com zero de dívida, algo que só foi possível porque “fomos uma formiga e não uma cigarra”, conseguindo desta forma “fazer frente a este inverno pandémico”. Depois foi tempo de falar de investimento e assegurar aos apoiantes que a cidade teve nos últimos anos “o maior investimento privado de sempre, como também protagonizou o maior investimento público de toda a sua história”.
Coesão social, sustentabilidade e cultura foram também temas bandeira, assim como a segurança na cidade. “Decidimos custear na íntegra um modelo de vídeo vigilância que permitirá maximizar os parcos recursos policiais (…) pretendemos alargar o contingente de guardas noturnos, logo que a legislação permita que estes sejam pagos pelo município”, foram algumas promessas elencadas. No discurso de apresentação da oficial da sua candidatura, o candidato ao Porto não esqueceu nomes fortes do movimento que lidera como Nuno Ortigão, Paulo Cunha e Silva ou Miguel Veiga.