Carlos Natal, até agora candidato do Chega à Câmara Municipal de Portimão, diz ter sido afastado da candidatura autárquica “por vontade” da comissão política distrital e da direção nacional do Chega sem conhecer as “razões concretas que levaram à exoneração”. Fonte da concelhia revelou ao Observador que em causa esteve a apresentação pública do número dois da lista, através das redes sociais, sem que o mesmo tivesse sido aceite pelos órgãos locais.

O empresário e ex-militante do PSD não entende o “silêncio” da direção do partido perante o caso, depois de ter sido apresentado pelo próprio André Ventura, no Algarve, como candidato ao cargo. A direção “não se pronunciou e permitiu” esta situação, frisou, acrescentando que “o silêncio corresponde a uma concordância”.

Contactado pelo Observador, Nuno Afonso, coordenador autárquico do Chega, garantiu que nestes casos são sempre tidos em conta “os trâmites acordados e as hierarquias no que concerne à indicação dos candidatos”, sendo que são “sempre respeitadas as decisões das distritais”.

No e-mail enviado pela distrital do Algarve a Carlos Natal pode ler-se que “foi deliberado por maioria a exoneração do cargo de presidente da concelhia de Portimão e consequente cancelamento da candidatura à câmara de Portimão”. O documento, assinado pelo presidente da comissão política, João Graça, foi enviado no dia 6 de junho, no dia seguinte a uma reunião da direção da comissão política da distrital de Faro, mas o candidato  a Portimão só fez o anúncio esta sexta-feira.

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Carlos Natal explicou ao Observador que durante esse tempo esteve a tentar “por todos os meios falar com alguém da direção nacional para esclarecer assunto”, inclusive com o presidente do partido, André Ventura, mas sem sucesso. Na quinta-feira, quando foi informado de que um outro militante já tinha sido abordado para o cargo, percebeu que “não havia nada a fazer” e decidiu fazer o anúncio nas redes sociais”.

O até aqui candidato autárquico deixa claro que não abandonou a candidatura e que a decisão foi totalmente da da distrital, mas o Observador apurou junto de fontes do Chega no Algarve que a estrutura local se baseia nas palavras de Carlos Natal para justificar a decisão, que terá dito numa reunião com a estrutura distrital e concelhia que retirava a candidatura caso a número dois da lista não fosse aceite.

Ainda antes de a distrital aceitar o nome de Cláudia Gonçalves, Carlos Natal fez o anúncio da militante do Chega como número dois da candidatura a Portimão, durante o Congresso do Chega, nas redes sociais. O empresário assegurou que não recebeu qualquer justificação para o “não” a Cláudia Gonçalves e não entende o porquê da exoneração, ao realçar que “esta candidatura que tinha tudo para ganhar câmara de Portimão”.