O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, vai defender esta segunda-feira em Barcelona, perante 300 representantes da sociedade civil catalã, a aprovação, que segundo os media está iminente, dos indultos aos líderes separatistas na prisão pela tentativa independentista de 2017.

A conhecida sala de ópera “Grande Teatro do Liceu” será o local do evento, no qual Pedro Sánchez vai dar uma palestra intitulada “Reencontro: um projeto de futuro para Espanha”, na qual irá salientar o seu empenho na coexistência e no diálogo.

Segundo os media espanhóis, o discurso, que começará às 12h00 (11h00 em Lisboa), vai marcar o ato final antes de o governo dar formalmente luz verde aos indultos, que tem defendido nas últimas semanas, como medida essencial para encontrar uma solução para a crise separatista na Catalunha.

De acordo com a imprensa espanhola, o Conselho de Ministros poderia tomar uma decisão sobre esta matéria já nesta terça-feira para permitir que os políticos independentistas a cumprir penas de prisão até 13 anos possam ser libertados em breve. Apesar de contar com uma maioria no parlamento para aprovar o perdão, Sánchez tem sido muito criticado pela oposição e mesmo pelos movimentos independentistas, que preferiam que fosse aprovada uma amnistia em vez de indultos.

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O líder do maior partido separatista, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Oriol Junqueras, que está na prisão, defendeu este fim de semana que os indultos são “um triunfo” para o independentismo, uma vez que “demonstram as fraquezas dos aparelhos do Estado” perante a Europa e, portanto, com a sua concessão “o Estado tenta proteger-se” perante futuros veredictos da justiça europeia. Em declarações a uma rádio catalã, Junqueras definiu os indultos como “uma reversão de algumas das medidas abusivas” de que, na sua opinião, os líderes pró-independência têm sido alvo.

Este domingo, o ministro dos Transportes e secretário da organização do PSOE (Partido Socialista espanhol), José Luis Ábalos, defendeu os indultos, sublinhando que têm de ser aprovados “pela Espanha, pela Catalunha”, ao mesmo tempo que acusava a direita de ignorar o princípio da legalidade.

No mesmo dia, o líder do Partido Popular (direita), Pablo Casado, voltou a criticar a intenção do governo de conceder indultos aos prisioneiros do “procés” (processo de independência), com uma mensagem na rede social Twitter na qual utiliza uma citação do ex-primeiro-ministro britânico e estadista Winston Churchill: “Vocês [o Governo] escolhem a desonra e terão o conflito”.

O atual executivo minoritário de esquerda, uma coligação entre o Partido Socialista (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda), tem conseguido manter-se no poder, nomeadamente com a ajuda dos partidos independentistas catalães, assim como de formações separatistas ou nacionalistas do País Basco. A provável decisão de conceder indultos é vista, principalmente pela direita, como a moeda de troca que garante a continuação dessa rede de apoios.

Os políticos catalães que organizaram em 2017 um referendo ilegal sobre a autodeterminação da região foram julgados em 2019 e nove deles estão a cumprir penas de prisão que vão até um máximo de 13 anos de prisão pelo crime de sedição (contestação coletiva contra a autoridade). Um grupo de independentistas está fugido no estrangeiro, não tendo ainda sido julgado, entre eles o ex-presidente do executivo catalão Carles Puigdemont, que está na Bélgica, e foi eleito deputado do Parlamento Europeu.