A ministra da Justiça disse esta quarta-feira que o regime especial de perdão de penas por causa da pandemia, em vigor desde maio de 2020, poderá ser revogado em breve, já que a vacinação nos estabelecimentos prisionais está “a ser acelerada”.
Questionada na comissão parlamentar de direitos, liberdades e garantias, Francisca Van Dunem revelou que, neste momento, estão totalmente vacinados contra a Covid-19, 33,9% dos reclusos e 72,1% dos trabalhadores dos estabelecimentos prisionais.
Mas, perante as críticas de vários deputados, do PSD e do CDS, sobre a continuação da vigência da lei, retorquiu que essa questão está “na mão do parlamento”, entendendo, contudo, que “neste momento ainda não há segurança”.
“Julgo que a breve prazo teremos a situação estabilizada e estamos a tentar perceber quando poderemos dar por terminado este regime extraordinário de perdão de penas”, afirmou a ministra, respondendo a interpelações do PSD, CDS e do PS sobre o tema que “de 20 de janeiro a 15 de junho foram vacinadas 10.073 pessoas, sendo que 4.780 já têm a segunda dose”.
Regime especial de perdão de penas mantém-se em vigor. Já saíram 2851 reclusos
Contudo, e apesar de admitir que o regime poderá cessar em breve, a ministra considerou que ainda é necessário “avançar um bocadinho mais” na vacinação da população prisional para a situação ficar totalmente estabilizada.
A ministra insistiu que o regime excecional “não tem ligação com o quadro de emergência pandémico, mas com o perigo real”, frisando que o pais está numa fase de refluxo em termos de contágio. O deputado Fernando Negrão, do PSD, foi o primeiro a abordar a questão do regime especial de perdão de penas, lembrando que este, segundo o Governo, beneficiaria 2.246 reclusos, mas que “já vai em mais de 2.800”, questionando se “um regime especial não devia ter curta vida”.
Telmo Correia, do CDS, criticou a continuação da vigência do sistema de perdão de penas, dizendo que este “foi feito para uma situação excecional que não é a atual” e que o partido apresentou na terça-feira no parlamento um projeto para o revogar. Em resposta, Van Dunem afirmou que “os regimes especiais devem ter a vida suficiente para responder às necessidades para os quais foram criados” e que “a norma prevê a sua cessação quando a situação pandémica estiver estabilizada”, não tendo um prazo definido.
Na sua intervenção inicial perante os deputados, a ministra fez uma pequena resenha sobre a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção (ENCC), que será debatida na sexta-feira, sublinhando, mais uma vez, que esta tem uma função especialmente preventiva. Abordou também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que, na área da justiça, realçou, prevê a aplicação de 280 milhões de euros para a transição digital que abrangerá tribunais e outros serviços, nomeadamente na área da investigação criminal e forense.