Um livro sobre o universo pessoal e profissional do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles (1922-2020), cujo legado é considerado “visionário” pelos seus pares, vai ser lançado no sábado, em Lisboa, da autoria de Fernando Santos Pessoa.

Intitulado Gonçalo Ribeiro Telles — O Homem e a Obra, o livro terá apresentação pública no sábado, às 14:30, na Estufa Real do Jardim Botânico da Ajuda, com a presença do autor e representantes da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas.

A obra, da autoria do arquiteto paisagista Fernando Santos Pessoa, aluno, depois colega e amigo de Ribeiro Telles, revela vários aspetos do universo pessoal e profissional do criador, e surge na sequência de outros livros já publicadas pela Argumentum Edições sobre esta personalidade que marcou sobretudo a cidade de Lisboa.

Um ano antes da comemoração do centenário do seu nascimento, esta edição “tem como objetivo oferecer um elenco de referências essenciais da vida de Ribeiro Telles e sublinhar as linhas mestras do seu pensamento”, segundo uma nota de imprensa divulgada pela editora.

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“Com Gonçalo Ribeiro Telles a arquitetura paisagista chegou ao conhecimento do público em geral como a atividade indispensável à concretização do ordenamento do território e da paisagem, e como suporte fundamental de uma política de ambiente e de qualidade de vida”, assinala.

Esta edição abarca a ação pedagógica, profissional e política ao longo de várias décadas de vida, trabalho e militância de causas às quais se dedicou Gonçalo Ribeiro Telles.

O livro inclui 74 imagens, entre fotografias, projetos e pinturas por ele realizadas, “dão uma imagem da dimensão da criatividade e qualidade da obra imensa que deixou”, acrescenta ainda, destacando um “exemplo profissional, ético e metodológico com grande interesse para as várias gerações”, sobre esta figura de referência da cultura contemporânea.

O livro é estruturado a partir de documentos e memórias do autor, e reúne imagens quer do espólio de Gonçalo Ribeiro Telles, quer outros documentos cedidos por várias instituições e arquivos nacionais.

Gonçalo Ribeiro Telles, pioneiro da arquitetura paisagista em Portugal, que morreu em 11 de novembro de 2020, aos 98 anos, foi uma figura tutelar da defesa da ecologia para fundamentar a intervenção na paisagem e no território, e o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como deputado e como ministro de Estado e da Qualidade de Vida, entre 1981 e 1983.

No ano passado, em reação ao seu falecimento, o atual presidente da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, Jorge Cancela, recordou, em declarações à Lusa, que o arquiteto paisagista “via o ambiente como o suporte da vida, e a paisagem como suporte da memória, fazendo uma ligação muito coerente entre o passado, o presente e o futuro que transportou para a arquitetura paisagista, e também para a área cívica e política”.

“É uma inspiração para todos nós, que recebemos agora a grande responsabilidade de defender, desenvolver e promover o seu imenso legado, sempre assumido com sentido de missão”, acrescentou, na altura.

Nascido a 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles é autor de projetos relevantes em Lisboa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, obra que assinou em conjunto com António Viana Barreto, e que viria a ser distinguido com o Prémio Valmor, em 1975.

Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e iniciou a vida profissional na Câmara Municipal de Lisboa, onde trabalhou com Francisco Caldeira Cabral, com quem viria a publicar “A Árvore em Portugal”.

No plano político, participou nas campanhas eleitorais dos movimentos monárquicos populares e, antes do 25 de Abril, apoiou a candidatura de Humberto Delgado, à Presidência da República, e foi candidato nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).

No plano cultural, foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura (CNC), de que era o sócio n.º1.