A GNR garantiu que “nunca existiu qualquer ordem superior para impedir ou condicionar” a investigação do acidente mortal da A6, que envolveu o carro do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. O DIAP de Évora também garante que “estão a ser realizadas todas as diligências”.

Num esclarecimento emitido esta quinta-feira, a GNR desmente assim a notícia notícia do Correio da Manhã que dava conta de que a esta força de segurança militar teria sido impedida de fazer perícias ao BMW onde seguia o ministro, incluindo aceder ao computador interno do carro — a centralina — para perceber a que velocidade este seguia.

Nunca existiu qualquer ‘ordem superior’ para impedir ou condicionar quaisquer diligências relacionadas com a investigação do acidente”, lê-se no esclarecimento.

Num esclarecimento anterior, a GNR já tinha garantido que estava a fazer “todas as diligências” relacionadas com o carro oficial do ministro. Neste novo esclarecimento, volta a assegurar que “a GNR desenvolveu e encontra-se a desenvolver, nos termos da lei, todas as diligências inerentes a um processo de investigação de um acidente de viação com vítimas mortais”. Também esta quinta-feira o DIAP de Évora emitiu uma nota a garantir o mesmo: No âmbito do referido inquérito estão a ser realizadas todas as diligências de investigação consideradas pertinentes e adequadas”.

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Nuno atravessou a A6 e foi atropelado junto ao separador central. O acidente com o carro de Cabrita contado por quem estava no local

O Correio da Manhã, que cita fontes próximas da investigação, adiantava que “os titulares da investigação nem sabem para onde a viatura foi levada depois de ser removida do local por um reboque da própria GNR”. Quanto ao local onde se encontra o carro, o comunicado da GNR não o esclarece.

Os militares apenas teriam tirado fotografias no local do acidente, salienta o CM, acrescentando que, quando os elementos do Núcleo de Investigação Criminal a Acidentes de Viação (NICAV) da GNR de Évora quiseram fazer novas diligências ao carro, foram impedidos “por ordem superior”.

Contactado pelo Observador, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que não tem comentários a fazer sobre essa alegada ordem superior, uma vez que há um inquérito em curso e os factos estão em segredo de justiça. Na terça-feira, o MAI tinha dado uma resposta semelhante, adiantando que, “estando a decorrer um inquérito pelo Ministério Público, […] não tem nada a acrescentar aos esclarecimentos públicos já prestados”. “Isto vale para a velocidade [a que seguia o BMW] e para a questão da Brisa”, que apresentou uma versão contraditória à do ministro (nesse caso, sobre a ausência de sinalização de obras na estrada), salientou o ministério.

Uma estimativa feita a partir dos registos da Via Verde e das câmaras da autoestrada e a hora do acidente indicam que o carro oficial de Eduardo Cabrita circulou na A6 a uma velocidade média de, no mínimo, 200 km/h. Ainda assim, esse dado na posse dos investigadores não permite concluir a que velocidade seguia o carro no momento do atropelamento. O acesso à centralina do BMW permitiria perceber isso mesmo, já que regista as rotações do motor ou “a velocidade engrenada”.