O ministro da Habitação britânico, Robert Jenrick, afirmou que haverá um “regime muito mais permissivo” de medidas de combate à Covid-19 assim que as restrições forem levantadas. A decisão está prevista para 19 de julho, já conhecido como o “dia da liberdade”. À Sky News, Jenrick argumentou que os dados disponíveis são “muito promissores” e que as máscaras faciais vão tornar-se “uma escolha pessoal”, mas também que o sucesso do programa de vacinação no Reino Unido significa que o governo pode pensar “em como podemos voltar, tanto quanto possível, à normalidade”.
Em declarações feitas este domingo, Robert Jenrick disse que a sociedade vai ter de “aprender” a viver com o vírus, isto numa altura em que é esperado que Boris Johnson fale esta semana à nação para anunciar as novas medidas. “Parece que agora podemos avançar e avançar para um regime muito mais permissivo, onde nos afastaremos de muitas dessas restrições que têm sido tão difíceis e aprenderemos a viver com o vírus.”
O alívio das restrições avança, apesar da Inglaterra ter registado um novo recorde de casos diários de Covid-19, 24.248 nas últimas 24 horas, quando ocorreram 15 óbitos. Na semana que termina no domingo registou-se uma subida de quase 67% no número de infeções diárias. Por outro lado, já quase 64% dos ingleses concluíram a vacinação. No mesmo sentido, Stephen Powis, o diretor clínico do SNS inglês (NHS) reconhece que o elo entre ser infetado pelo vírus e ficar gravemente doente foi seriamente enfraquecido, mas avisa que não está totalmente quebrado. As hospitalizações estão a crescer.
Questionado sobre o uso de máscaras faciais, Jenrick explicou que, tal como muitas outras pessoas, “quer afastar-se destas restrições o mais depressa possível”. “Vamos agora entrar num período em que não haverá restrições legais — o Estado não vai dizer-lhe o que fazer — mas cada um vai querer exercer um certo grau de responsabilidade e julgamento pessoal”, continuou. “Pessoas diferentes chegarão a conclusões diferentes sobre coisas como as máscaras, por exemplo”, assegurou, para depois enfatizar que o uso destas vai resultar de uma “escolha pessoal” e que, por iniciativa própria, vai colocá-las de lado assim que o seu uso deixar de ser obrigatório.
De acordo com a imprensa britânica, não serão apenas as máscaras que deixarão de ser obrigatórias aquando do alívio das restrições — incluindo nos transportes públicos — mas também o distanciamento social. O Sunday Times, por exemplo, escreve que a utilização de um código QR para entrar em bares e restaurantes vai deixar de ser uma realidade a partir do dia 19 de julho, e que eventos de massa, incluindo festivais, serão permitidos. A Sky News acrescenta ainda que o gabinete do primeiro-ministro britânico adiantou no sábado que está a pensar em descartar os requisitos de quarentena para aqueles que já tiverem recebido as duas doses da vacina.
Os comentários de Robert Jenrick foram feitos numa altura em que Sajid Javid — o novo ministro da Saúde no Reino Unido, depois do seu predecessor, Matt Hancock, ter sido forçado a renunciar o cargo após a exposição mediática de um affair com uma assessora — ter escrito no The Mail on Sunday que a melhor forma de proteger a saúde da nação passa por aliviar as restrições existentes.
Estamos no caminho certo para [o dia] 19 de julho e temos de ser honestos com as pessoas sobre o fato de que não podemos eliminar a Covid-19. Também precisamos de deixar claro que os casos vão aumentar significativamente. Eu sei que muitas pessoas serão cautelosas quanto à flexibilização das restrições — isso é completamente compreensível. Mas nenhuma data que escolhermos virá sem riscos, por isso, temos de ter uma visão ampla e equilibrada. Teremos de aprender a aceitar a existência da Covid-19 e encontrar maneiras de lidar com ela – assim como já fazemos com a gripe”, escreveu Sajid Javid.