A atividade turística ressentiu-se de forma abrupta e imediata ao início da pandemia e às primeiras medidas de confinamento. Em março de 2020 o impacto já era bem visível, com as dormidas na hotelaria a caírem para menos de metade do que se tinha verificado no mês homólogo do ano anterior. A queda do número de dormidas nesse mês foi de 59% (para 1,9 milhões).

Mas este era ainda o início do terramoto que se abateu sobre o sector. Nos meses seguintes, as quedas homólogas seriam ainda mais expressivas: 97% em abril (o que significa que o sector praticamente parou), 96% em Maio e 85% em Junho.

O verão haveria de ser menos mau mas, ainda assim, com quebras que superaram os 50% face ao ano anterior.

Com os vários países em pontos diferentes do ciclo pandémico e com as restrições que foram sendo impostas nos controlos fronteiriços e nas viagens aéreas, verificou-se uma mudança importante desde o início da pandemia. As dormidas em alojamentos turísticos, que eram historicamente dominadas por turistas estrangeiros — que pesavam entre 60% a 75% nos últimos anos —, passaram a ser feitas maioritariamente por nacionais. O verão de 2020 já foi impulsionado sobretudo por portugueses, que fizeram férias no país. Em Junho desse ano, 84% dos turistas que ocuparam as camas dos estabelecimentos turísticos eram portugueses, o que ilustra bem o abalo numa atividade económica fundamental para o país e para a balança comercial, uma vez que se trata de uma exportação quando os turistas são não residentes.

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Numa atividade que regista sempre uma forte sazonalidade, o indicador manteve a tendência de subida nos primeiros meses de 2021. Em abril as dormidas superaram as do ano anterior mas ficaram, ainda assim, muito abaixo dos níveis pré-pandemia.

Este indicador regista a permanência de um indivíduo num estabelecimento que fornece alojamento, por um período entre as 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte. O tipo de unidades consideradas vai desde os hotéis a pousadas, alojamento local com dez ou mais camas, turismo em espaço rural ou parques de campismo.

Este artigo faz parte de uma série chamada “Pandemia em Números”, onde se analisa a economia portuguesa na sequência da Covid-19. Trata-se de uma parceria entre o Observador, a Fundação Francisco Manuel dos Santos e a Pordata.