Alfa, Beta, Gama, Delta e, agora, Lambda. Para além de letras do alfabeto grego, estes são também os nomes das variantes conhecidas do novo coronavírus. Algumas delas, como a Delta (a variante que veio da Índia e que domina os novos casos em Portugal) são consideradas preocupantes pela Organização Mundial de Saúde. Um dos problemas, para além de serem mais transmissíveis, é que podem escapar às malhas das vacinas, desenvolvidas para combater a variante inicial do vírus, tal como se desenvolveu na China em 2019. Sem que nenhuma vacina contra a Covid-19 seja (ainda) 100% eficaz contra a infeção, a ciência tem vindo a demonstrar que a eficácia pode ser ainda menor quando se trata de novas mutações do SARS-Cov-2. É por isso que a descoberta da equipa do Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos EUA, é tão importante.

Ao analisar amostras de doentes curados de Covid-19 e de SARS (um outro coronavírus, o SARS-CoV, responsável por uma epidemia entre 2002–2004) descobriram o que parece ser um anticorpo com superpoderes, capaz de fazer frente ao novo coronavírus, às suas variantes e até a outros coronavírus que partilhem afinidades com o vírus que provoca a Covid-19.

Para já, embora tenha sido publicado na revista especializada Nature (e na BioRxiv), o estudo da equipa liderada por Tyler N. Starr ainda não passou pela revisão de pares. E é essa peer review que lhe dará o garante de qualidade. O próprio investigador principal tem partilhado nas suas redes sociais algumas novidades que a equipa continua a encontrar.

A equipa, com mais de 50 investigadores de várias nacionalidades, analisou 12 anticorpos encontrados em pessoas recuperadas da infeção por dois coronovírus, o SARS-CoV (responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave) e o SARS-CoV-2 (responsável pela Covid-19). Entre todos os anticorpos desenvolvidos para enfrentar o vírus, o S2H97 chamou a atenção da equipa. Por que motivo? Por ser forte o suficiente para evitar que diferentes variantes do vírus da Covid se propagassem pelas células.

Os resultados também foram positivos nos testes em animais. “É o anticorpo mais incrível que descobrimos”, afirmou o bioquímico Tyler N. Starr, citado pela Nature.

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