Não são só as medalhas de ouro, prata e bronze que ficam na memória coletiva. Nem apenas os momentos de fair play ou as lágrimas da derrota. Por vezes, até mais recordáveis aquando de uma pergunta ou de uma lembrança repentina, as cerimónias de abertura dos Jogos Olímpicos são autênticos monumentos, não só de desporto e glória como de arte e identidade.

Todos juntos, todos representados no mesmo palco. Um palco que um qualquer país organizador pinta com a sua história, as suas tradições, o que tem para si e para todo o mundo ver.

Recorde aqui alguns dos melhores momentos, algumas das mais épicas e até historicamente relevantes cerimónias de abertura de umas olimpíadas.

Rio de Janeiro 2016

“Atenas foi sobre os clássicos, Pequim foi grandioso e musculado e em Londres foi esperto. E o nosso, o nosso será ‘cool’”, disse Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”), um dos realizadores da cerimónia de abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, juntamente com Daniela Thomas e Andrucha Waddington. E, além do “fixe” prometido por Meirelles e da celebração, houve ainda espaço para alguma reflexão, principalmente sobre as questões ambientais e as alterações climáticas. Claro, houve samba, bossa nova, e até um passeio de Giselle Bundchën pela gigante passarela do Maracanã.

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Londres 2012

A rainha, 007, Mr. Bean, um membro dos Beatles ou criadora de Harry Potter. Não faltaram estrelas universais à festa realizada pelo premiado Danny Boyle. Numa cerimónia que começou com palavras de Shakespeare, a história contada passou pela revolução industrial, pelo psicadelismo dos anos 60 e até pelas Forças Armadas e pelo sistema nacional de saúde inglês. Para a história fica, sem dúvida, o momento em que a Rainha Isabel II “saltou” de um helicóptero…

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Barcelona 1992

Com algum risco à mistura, os espanhóis foram inovadores na forma de acender a chama olímpica na cerimónia de abertura. Duas centenas de candidatos participaram nos testes até ser escolhido Antonio Rebollo, atirador da equipa nacional de paralímpicos. Avisado duas horas antes (!), acertou no alvo com uma flecha a arder. Mas há quem ainda diga que tudo não passou de um truque televisivo.

Atlanta 1996

A estrela maior da cerimónia de abertura dos Jogos de Atlanta, em 1996, foi também uma surpresa: Muhammad Ali.

Já visivelmente afetado pela doença de Parkinson, acendeu a chama olímpica ao som da “Ode to Joy” de Beethoven, para alegria de todos os espetadores, incluindo o comovido Bill Clinton.

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Seul 1988

O soltar de pombas, símbolo de paz, depois de acesa a chama olímpica, era um dos grandes marcos das cerimónias dos Jogos Olímpicos. Em Seul, contudo, as coisas correram mal, muito mal para os animais. Quando Chung Sun-Man, Sohn Mi-Chung e Kim Won-Tak ergueram as tochas, algumas pombas que tinham sido soltas antes do tempo ainda conseguiram fugir,  mas outras foram queimadas vivas… com todo o evento a ser transmitido em direto. A partir daí, nunca mais se soltaram pombas em cerimónias.

Los Angeles 1984

A neta de Jesse Owens entrou com a tocha no estádio olímpico e Rafer Johnson acendeu a chama, mas o destaque dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, vai para Bill Scooter, o “homem foguete” que atravessou todo o estádio com uma espécie de jetpack às costas. O boicote de grande parte dos países de Leste condicionou outra parte do evento — os espetadores levantaram pequenas cartolinas que, juntas, formaram todas as bandeiras dos países participantes.

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Tóquio 1964

Yoshinoir Sakai, jovem de 19 anos que, por acaso, até praticava atletismo, foi a grande figura da cerimónia de abertura da olimpíada nipónica, com um Japão pós-guerra ainda à procura de reconstrução. Sakai nasceu a 6 de agosto de 1945 — o dia da bomba atómica em Hiroshima — e foi a grande figura que levou a tocha olímpica, para delírio dos milhares de espectadores que assistiam ao espetáculo.

Antuérpia 1920

Foi em Antuérpia que, pela primeira vez, foi hasteada a bandeira olímpica, lido o juramento dos atletas e aconteceu ainda a primeira largada de pombos. Tudo para esquecer as más memórias da I Guerra Mundial. No entanto, o alto preço dos bilhetes não convenceu a multidão a marcar presença, pelo que Alberto I, rei belga, teve de resolver a situação “dando” praticamente os ingressos.

Berlim 1936

A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1936 foi, acima de tudo, uma forma de promover a propaganda nazi — Berlim tinha bandeiras com a suástica espalhadas por todos os cantos e, além dos espectadores que lotaram o estádio, um milhão de pessoas encheram as ruas para ver o desfile de carros do führer, elementos do regime e convidados. Quando Hitler entrou no recinto, ouviram-se trombetas e o hino “Horst-Wessel-Leid”. Muitas delegações fizeram também a saudação nazi durante o evento.

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