A taskforce para a vacinação contra a Covid-19 espera chegar à semana de 5 a 12 de setembro com mais de 70% da população com a vacinação completa. No final desse mês, “estamos praticamente a acabar o processo” de vacinação, indicou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, esta sexta-feira, no Parlamento.

O coordenador da taskforce revelou que, no final de setembro, o país terá conseguido ter vacinado com as duas doses “mais de 90% da população, o que significa que não haverá mais elegíveis para as primeiras doses e estamos a acabar o processo das segundas doses”.

Mas a travar a concretização dessa expetativa pode estar a falta de vacinas. Se Portugal tem doses “em excesso” da AstraZeneca, que só é recomendada para maiores de 60 anos, a Janssen está a atrasar as entregas. O problema já se verificou em julho, mês em que a Janssen prometeu fazer chegar 800 mil vacinas, mas só entregou 260 mil. Para agosto, as perspetivas não são melhores: “Ontem [quinta-feira] à tarde tive a má notícia de que em agosto eram previstas chegar cerca de 600 mil vacinas da Janssen”, mas apenas “devem chegar cerca de 200 mil”.

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O ministério da Saúde está a tentar “compensar estas quebras com aquisições através de parceiros que não estejam a usar algumas destas vacinas ou a antecipar vacinas do quarto trimestre para este terceiro trimestre”.

“Já vacinámos cerca de 30% da faixa dos 20 anos”

Os jovens não estão a resistir às vacinas, garante Gouveia e Melo. Até ao momento, “já vacinámos cerca de 30% da faixa dos 20 anos”, um valor que sobe para os 41% se tivermos em conta quem já esteve infetado e, à partida, estará imunizado. Depois, se a Direção-Geral da Saúde (DGS) o permitir, a vacinação arrancará para adolescentes entre os 12 e 16 anos.

Já a faixa etária dos 50 anos “está praticamente fechada”, faltando vacinar 4%, o que inclui infetados que ainda estão a recuperar. Já na faixa dos 40 anos faltam 11%, na dos 30 anos faltam 25%. O responsável adiantou que o país vai “enfrentar duas semanas de poucas primeiras doses”, porque estão a ser administradas mais segundas doses. Mas a tendência deverá depois inverter-se.

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Sobre as filas para a vacinação, Gouveia e Melo diz que “tivemos 7% dos centros de vacinação com mais de uma hora de espera”, rejeitando que as longas filas sejam a norma. O responsável explica que 2,7% das pessoas que fizeram o agendamento faltaram à convocatória e 2,5% recusaram o agendamento através de SMS.

Profissionais de saúde “vão ter de ter férias e descanso”

Quanto às férias dos profissionais de saúde afetos ao processo de vacinação, Henrique Gouveia e Melo explica que “nestas semanas mais calmas”, em que estão a ser administradas cerca de 95 mil doses por dia, os centros de vacinação “atuam imediatamente folgando pessoal”, de forma a “termos resiliência suficiente”.

As pessoas vão ter de ter férias e descanso. Vamos tentar gerir isso da melhor forma possível sem prejudicar o processo”, assegurou.

Já questionado sobre a eventualidade de vir a ser precisa uma terceira dose, Gouveia e Melo afirma que, no último trimestre ano, deverá haver vacinas suficientes no mercado. Este “período inicial” é o de “maior escassez”. “Quanto mais andarmos no tempo, mais as farmacêuticas vão produzir mais vacinas e terem capacidade de resposta”, explica. “É natural que no quarto trimestre, e depois mais tarde, estejam disponíveis no mercado internacional e na Europa vacinas em quantidade suficiente para as terceiras doses”, se vierem a ser necessárias.