O Grupo Toyota está apostado em retirar o ser humano do assento em frente ao volante dos seus veículos, e até mesmo em anular por completo o volante e os pedais dos automóveis do futuro, que poderão tornar-se realidade mais cedo do que muitos pensam. Daí que a Toyota tenha criado uma divisão dedicada aos carros autónomos, a Woven Planet, que tem vindo paulatinamente a reforçar os seus trunfos ao adquirir empresas especialistas do sector, para apressar a evolução da tecnologia.

Não será provável que a Toyota tenha como objectivo único produzir veículos para serem conduzidos pelos computadores a bordo, sobretudo agora que decidiu conceber modelos mais potentes e que dão mais gozo ao volante. Mas se há espaço para ter condutores ao volante, há também actividades que muito beneficiariam se passassem a ser entregues a sistemas autónomos, que fossem capazes de levar o veículo do ponto A para o B, com maior segurança, sem distracções e, sobretudo, sem ninguém ao volante, tornando a deslocação mais barata. As empresas de car-sharing e ride-sharing há muito que esperam a oportunidade de prescindir dos custos inerentes à presença do condutor e também as empresas de transporte veriam com bons olhos este ganho.

Nos últimos meses, a Toyota já tinha dado nas vistas ao adquirir e integrar na Woven Planet empresas como a Apex-AI, especializada em software com inteligência artificial, ou como a Carmera, com experiência na área da condução autónoma. Bem mais comentada foi a aquisição agora anunciada da divisão de veículos autónomos da Lyft, empresa conhecida que opera nos alugueres de curta duração e das “boleias”, conhecidas como car-sharing e ride-sharing.

O interesse do grupo japonês incide sobre todo o trabalho desenvolvido até aqui pela Lyft, um concorrente directo da Uber, nos automóveis sem condutor. A empresa norte-americana afirmou, em diversas ocasiões, que estava a trabalhar já no nível 5 (em que o modelo consegue deslocar-se sem condutor a bordo, o que permite “pedir-lhe” para ir buscar pessoas ou compras), ainda que poucos o tenham visto funcionar em condições reais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ao adquirir empresas especializadas nesta tecnologia, a Toyota consegue incrementar rapidamente o know-how nos carros sem condutor, o que deverá apressar a chegada ao mercado desta solução tecnológica em modelos da marca nipónica, ou da Lexus, a divisão de luxo do grupo japonês. Contudo, adquirir empresas para ter acesso a tecnologia nem sempre é solução. Que o diga a Volkswagen, que chegou a comprar mais de 150 startups especializadas em software, o que não evitou que ainda hoje este seja um dos seus maiores problemas. Mas o Grupo Toyota é o maior do mundo, pelo que terá outros argumentos à sua disposição.

Veja aqui uma demonstração da Lyft em Las Vegas, durante o CES de 2018, quando ainda se apoiava na tecnologia desenvolvida pela Aptiv, uma empresa de peças de automóveis que possui uma divisão autónoma. O vídeo foi publicado pela The Verge: