Não houve qualquer morte por gripe em Portugal entre outubro de 2020 e maio de 2021, segundo os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) citados pelo Jornal de Notícias. Isto terá sido devido aos cuidados existentes com a Covid-19 como a utilização de máscara, o distanciamento social ou um maior cuidado na desinfeção das mãos, disseram ao diário os especialistas.
Na Europa, também se registou uma diminuição de mais de 99% da atividade gripal: apenas foram detetados 934 casos da doença desde outubro do ano passado até o final de junho deste ano, de acordo com dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, sigla em inglês). “Foi efetivamente uma época gripal nula e uma lição para o mundo ocidental”, destaca ao jornal Carlos Robalo Cordeiro, pneumologista e presidente da Sociedade Europeia Respiratória, que também defende que, em períodos críticos de gripe, os grupos mais vulneráveis devem utilizar máscara.
Contudo, os especialistas temem que o próximo inverno seja mais complicado. Carlos Robalo Cordeiro aponta que “houve pouco contacto com o vírus e isso condiciona a imunidade” e “houve pouca identificação laboratorial das variantes em circulação”, o que pode afetar a eficácia das vacinas da gripe produzidas este ano, dado que são feitas tendo em conta as variantes que deram origem a surtos de gripe no último período gripal.
Pedro Simas também prevê que no próximo inverno haja uma “maior incidência e hospitalizações por infeções respiratórias causadas por vírus”. O virologista disse ao JN que a população está a “perder imunidade” e que as medidas para fazer face à pandemia de Covid-19 mexeram com o “equilíbrio natural dos vírus respiratórios sazonais”. Para evitar uma época gripal mais complicada, o especialista defende que Portugal tem de “continuar o processo de desconfinamento” e que, à semelhança de outros países, deve cair a obrigatoriedade do uso da máscara na via pública.
Nos últimos anos, a mortalidade por gripe foi decrescendo em Portugal. Em 2016/2017 foram registados 4472 óbitos resultantes do vírus, 3700 em 2017/2018, 3331 em 2018/2019 e 920 em 2019/2020, sendo que neste último período já havia medidas como o distanciamento físico ou um maior cuidado com a desinfeção das mãos devido à Covid-19.