Duas em cada 100 pessoas internadas com Covid-19 entre 28 de junho e 4 de julho já estavam completamente vacinadas contra a doença, revelou a Direção-Geral da Saúde (DGS) durante a reunião no Infarmed na manhã desta terça-feira. Nas unidades de cuidados intensivos (UCI), 5% dos internados também já tinham completado o esquema vacinal. Dados que mostram os efeitos positivos da vacinação.

O gráfico exibido por André Peralta Santos,  diretor dos Serviços de Informação e Análise da DGS, demonstram que, no internamento geral nessa mesma semana, 68% dos doentes ainda não tinham iniciado a vacinação contra a Covid-19; e que 30% tinham a vacinação incompleta. Em UCI, a percentagem de doentes não vacinados é a mesma, mas 27% estavam a meio do processo e 5% estavam completamente vacinados.

No caso da vacinação incompleta, englobam-se não só os indivíduos que só receberam uma dose contra a Covid-19, mas também aqueles que tinham sido inoculados com a segunda dose há menos de duas semanas. É assim porque as autoridades de saúde entendem que só ao fim de 14 dias é que o organismo já terá desenvolvido a resposta imunitária à vacina.

Risco de morrer é menor entre os mais velhos, mas ainda justifica medidas concretas

Reforçando a ideia defendida por André Peralta, Ana Paula Rodrigues, do Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge, falou também da importância da vacinação e de como tem ajudado a baixar a letalidade entre os grupos mais vacinados.

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A letalidade registada, explicou, está em tendência decrescente,”em particular no grupo etário mais velho”, o que é explicado pela vacinação. “Temos atualmente um decréscimo importante”, sublinhou.

Apesar disso, argumentou que a fragilidade das pessoas mais velhas traz sempre um risco de morte acrescido.

De qualquer forma, alertou para o facto de entre as pessoas de idade mais avançada o risco é sempre significativo, devido à situação de maior fragilidade em que se encontram. Esse factor, defendeu Ana Paula Rodrigues, “justifica medidas específicas neste grupo”. Ainda assim, ressalvou que o “maior número de mortes nas pessoas mais velhas foi em pessoas não vacinadas”.

Quanto aos internamentos, a especialista sublinhou que dos 30 aos 39 e dos 40 aos 49 anos, apesar das incidências serem semelhantes à onda do outono, “temos mais internados do que seria de esperar se o comportamento fosse o mesmo o que pode justificar-se pela circulação da variante Delta”.

Ana Paula Rodrigues destacou ainda um aumento de internados nos cuidados intensivos entre os 20 e os 49 anos.

A partir dos 80 anos, duas doses de vacinas reduzem em 85% o risco de hospitalização

Qual é a eficácia real da vacinação entre as camadas mais velhas? São esses dados que Ausenda Machado, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, apresenta e que demonstram que há uma proteção efetiva contra a infeção na população com mais de 65 anos.

Em relação aos mais idosos, acima dos 80 anos, o estudo do Insa demonstra que duas doses das vacinas  mRNA — tecnologia usada nas vacinas da Pfizer/BioNTech e a da Moderna — reduzem em 85% o risco de hospitalização. Apenas uma dose já oferece uma proteção significativa, reduzindo em 62,5% os internamentos nesta faixa etária.

Na faixa etária imediatamente abaixo, entre os 65 e os 79 anos, os resultados também são positivos. Segundo explica Ausenda Machado, uma dose reduz os internamentos nestas idades em 59,1%. Para o esquema vacinal completo não há dados, uma vez que, explicou a especialista, durante o período analisado não havia pessoas hospitalizadas suficientes para amostra.

Pondo os internamentos de parte, Ausenda Machado apresenta também os dados da efetividade da vacina contra a infeção sintomática. Com esquema vacinal completa, as pessoas acima de 80 anos têm uma proteção de 68% contra a doença com sintomas. Entre os 65 e os 79 anos, a proteção é de 78%.

Passados 14 a 27 dias da toma da segunda dose, a proteção aumenta: entre os 65 e os 79 anos chega aos 89%, mantendo-se “na ordem dos 80% até pelo menos 42 dias”. Entre os mais velhos, acima dos 80 anos, a efetividade da vacina é de 70% entre os 14 e os 27 dias depois da segunda toma, mantendo-se a proteção estável até 42 dias depois de terminado o esquema vacinal completo.

No caso da população com 80 ou mais anos, o estudo mostra que, 14 a 27 dias depois da toma da segunda dose, a estimativa da efectividade está à volta dos 70%, mantendo-se semelhante até pelo menos aos 42 dias depois de completa a vacinação.