A câmara de Matosinhos vai “legitimamente reivindicar” uma parcela dos terrenos da refinaria da Galp, desativada em abril, para uso público, querendo instalar no local um Centro Tecnológico da Energia e do Mar, adiantou esta terça-feira a presidente da autarquia.
A falar no início da reunião do executivo camarário, que teve lugar na tarde desta terça-feira, Luísa Salgueiro deu conta que o Conselho Consultivo sobre a Reconversão da Refinaria da Galp aprovou na segunda-feira a criação de um Centro Tecnológico da Energia e do Mar naquelas instalações, seguindo a proposta que consta num estudo da Universidade do Porto sobre o impacto do encerramento do equipamento.
A autarca salientou a “enorme unanimidade” política na solução, avisando ser necessário traçar um plano para as instalações da refinaria para se poder usar o Fundo para a Transição Justa.
Já transmiti a intenção de legitimamente reivindicar uma parcela dos terrenos da refinaria para serem do uso púbico e poderem ali ser canalizados recursos das próprias entidades públicas, com a liderança da câmara municipal”, anunciou Luísa Salgueiro.
A presidente daquela autarquia no distrito do Porto lembrou que o estudo da Universidade do Porto, dado a conhecer na segunda-feira, “traça um cenário muito grave, de enorme impacto” para a região.
É imprescindível que possamos fazer dali um espaço onde possa voltar a haver desenvolvimento económico, onde se criem pelo menos idênticos postos de trabalho mas idealmente que se acrescente capacidade de geração de emprego”, apontou.
A autarquia quer por isso conseguir acesso aos “fundos de transição justa, ao fundo social europeu e às verbas do Portugal 2030 para, em primeiro lugar, compensar os trabalhadores, mas também garantir o investimento gigante que é necessário para a reabilitação daquela zona possa acontecer”.
O encerramento da refinaria de Matosinhos, em abril, representa perdas de 5% do PIB em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, segundo um estudo socioeconómico a que a Lusa teve esta terça-feira acesso.
O estudo da Universidade do Porto estima a perda de 1.600 postos de trabalho em Matosinhos e de 5.000 na Área Metropolitana do Porto [AMP] e perdas de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) para Matosinhos e de 1% para a AMP.
A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines. Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.
Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país. Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.