Milhares de pessoas concentraram-se este sábado, 31, em Paris para protestar contra o passe sanitário, certificado de vacinação contra a Covid-19 que passa a ser obrigatório para entrar em vários locais, tendo a polícia de choque reagido com gás lacrimogéneo.
Cerca de três mil membros das forças de segurança foram, no sábado de manhã, posicionados ao redor da capital francesa para enfrentar o terceiro fim de semana de protestos contra o passe sanitário, sobretudo ao longo dos Campos Elísios, para proteger a avenida de uma invasão de manifestantes esporadicamente violentos.
As manifestações contra o documento — que a partir de dia 9 de agosto passa a ser necessário mostrar para frequentar a maioria dos locais públicos em França —, estão a ser realizadas em várias cidades do país, sendo que, só em Paris, decorrem quatro protestos separados.
Com o aumento das infeções por Covid-19 e das hospitalizações, o parlamento francês aprovou, no domingo passado, a obrigação de possuir um passe para entrar em quase todos os lugares a partir do próximo mês, sendo que, embora as sondagens mostrem que a maioria dos franceses apoia a decisão, a oposição adotada por alguns franceses tem sido aguerrida. O passe sanitário é um documento que mostra que a pessoa em causa foi vacinada e está imunizada contra a Covid-19 ou detém um teste rápido negativo ou prova de recuperação recente da infeção.
A tensão aumentou em frente à famosa casa de diversão noturna Moulin Rouge, no norte de Paris, naquela que pareceu ser a maior manifestação, com filas de polícias a enfrentarem os manifestantes e com confrontos esporádicos.
Enquanto os manifestantes se dirigiam para leste, a polícia disparou gás lacrimogéneo contra a multidão, criando alguma confusão e provocando alguns feridos. Num vídeo publicado no Twitter por um jornalista freelancer, Clément Lanot, é possível ver alguns dos momentos de tensão entre polícia e manifestantes.
PARIS – Les manifestants #AntiPassSanitaire tentent de forcer un barrage de CRS. Gaz lacrymogène. Tensions. #manif31juillet #manifestation31juillet pic.twitter.com/ooCxYmqx6C
— Clément Lanot (@ClementLanot) July 31, 2021
PARIS – Explosion d’un engin incendiaire après une charge de police. Canon à eau utilisé. Tensions. #AntiPassSanitaire #manif31juillet #manifestation31juillet pic.twitter.com/dFB6WxzO0W
— Clément Lanot (@ClementLanot) July 31, 2021
Menos carregada de tensão, uma outra manifestação decorreu noutra zona de Paris, tendo sido dirigida pela líder da extrema-direita, Marine Le Pen, que juntou centenas de pessoas em direção ao Ministério da Saúde.
No Twitter, a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, manifestou o desagrado com a medida de combate à pandemia tomada pelo governo francês. “O governo deve ouvir as legítimas preocupações expressas tanto sobre a eficácia quanto sobre os ataques à liberdade e igualdade causados pelo passe sanitário. Ainda dá tempo de dar um passo atrás”, pode ler-se nessa publicação.
Le gouvernement doit entendre la légitime inquiétude exprimée tant sur l’efficacité que sur les atteintes à la liberté et à l’égalité que suscite le #PassSanitaire. Il est encore temps de faire marche arrière. MLP
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) July 31, 2021
https://twitter.com/BBR4369/status/1421469858940719106
Outra marcha menos carregada de tensão foi liderada por Florian Philippot, ex-braço direiro de Le Pen, que saiu para formar o seu próprio partido anti-UE, o Les Patriotes, com algumas centenas de pessoas a juntarem-se ao protesto.
Regardez moi cette foule incroyable ! 37è semaine ! Et en plein été ! #manifestation31juillet pic.twitter.com/JKRquODVbj
— Florian Philippot (@f_philippot) July 31, 2021
Entre os que não estiveram este sábado presentes nas manifestações destacou-se François Asselineau, líder do partido anti-União Europeia União Popular Republicana e fervoroso militante contra o passe sanitário, mas que, esta semana, adoeceu com covid-19.
As autoridades francesas decidiram criar o passe sanitário na sequência do aumento do número de infetados, devido à variante Delta da doença, considerada mais contagiosa e virulenta. Na sexta-feira à noite, foram anunciados 24.000 novos casos registados em 24 horas, o que significa um salto significativo em relação aos poucos milhares de infeções diárias que se contabilizavam no início do mês. Mais de 111.800 pessoas morreram de covid-19 em França desde o início da pandemia.