O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse este sábado, que as autoridades de saúde não proibiram a vacinação contra a Covid-19 para crianças saudáveis, considerando que “esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”. Mas a informação foi entretanto retificada pela diretora-Geral de Saúde (DGS).

Este domingo, em declarações ao Expresso, Graça Freitas clarificou que para a vacinação de crianças sem doenças será “sempre necessária” a indicação médica a favor da inoculação, não bastando a escolha dos pais.

Neste domingo à noite, Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou a ideia de ter tido uma mensagem diferente da da DGS. “É fundamental que haja da parte dos pais uma iniciativa e depois o acolhimento pelas autoridades de saúde, naturalmente através da intervenção do médico”, justificou.

O que disse Marcelo no Brasil?

“As autoridades sanitárias não proibiram a vacinação no caso de as crianças não terem doenças ou patologias. Esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa. O chefe de Estado português falava aos jornalistas no Consulado de Portugal em São Paulo reagindo à recomendação, na sexta-feira, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), da a dministração de vacinas contra a covid-19 em crianças entre os 12 e os 15 anos com doenças associadas graves.

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“As crianças vacinadas beneficiam de uma prevenção que lhes é positiva, isso não foi vedado, nem proibido pela DGS e está aberto aos pais em termos de escolha para os seus filhos”, sublinhou o Presidente da República, falando à margem da assinatura de um protocolo sobre a participação de Portugal como país convidado da Bienal do Livro de São Paulo em 2022, no último dia da sua deslocação em São Paulo.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que “pode fazer a diferença”, nomeadamente para a frequência de escolas, haver crianças vacinadas “que possam certificar essa vacinação”. “E isso é importante na vida das famílias”, assinalou.

Reações às declarações do Presidente

Além da reação da DGS, que deixou claro ser necessária a indicação médica para a vacinação de crianças sem comorbilidades, também Jorge Amil, presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médico, reagiu este domingo ao jornal Público. Segundo o responsável, a DGS deveria ter definido as normas com “documentos próprios e não por meros anúncios orais”. Amil refere ainda que “não é razoável sugerir que os médicos se limitem a emitir um documento ‘a pedido’ sem que o seu juízo profissional defina quem deve ou não receber o documento médico (indicação de vacina, prescrição de exame ou de tratamento)…”, diz, citado pelo mesmo jornal.

A DGS recomendou, na sexta-feira, a administração de vacinas contra a Covid-19 para crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades.

DGS recomenda vacinação de jovens dos 12 aos 15 anos com comorbilidades ou indicação médica. Restantes só quando houver mais dados

A DGS considerou ainda que deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e de acordo com a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal destas idades para mais tarde.

“A DGS emitirá recomendações sobre vacinação universal de adolescentes dos 12 aos 15 anos logo que estejam disponíveis dados adicionais sobre a vacinação destas faixas etárias”, disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Ainda sobre a vacinação dos menores entre os 12 e os 15 anos, Graça Freitas disse que a lista de doenças crónicas que justificam a vacinação nestas idades está já preparada e pronta para ser publicada, para que os médicos possam fazer a recomendação de vacinação.

A vacinação universal continua, para já, a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, seguindo o plano de vacinação em curso. A DGS não descartou, no entanto, alterações futuras se houver “novas variantes de preocupação”.