O Chega apresentou listas para as eleições autárquicas em “cerca de 220 municípios por todo o país” que tem como objetivo alimentar um objetivo claro: ser a “terceira força política em número de votos”, “alavancar a direita” em Portugal e pressionar o PSD a fazer o “trabalho que não tem feito”.

Ao início da tarde desta segunda-feira, André Ventura, Nuno Graciano e três dezenas de candidatos marcaram presença no Tribunal Cível de Lisboa para entregar as listas do partido à capital. Ventura não tem dúvidas: este é um “dia histórico para um partido com a duração e estrutura do Chega”, principalmente quando comparado com as ambições apresentadas por “partidos que têm um deputado ou tiveram um deputado, como IL ou PAN”.

Para estas eleições, André Ventura estabeleceu duas metas: ser a terceira força política em número de votos nas eleições autárquicas e eleger um vereador em Lisboa. Aos olhos de André Ventura ser a terceira força política em número de votos é um “resultado [que] pode alavancar direita em Portugal”. Para isso seria preciso, referiu, que “os outros fizessem o seu trabalho e cumprissem o seu papel” para se “mudar de página em relação ao Governo de António Costa e do PS”.

O recado era, naturalmente, para o Rui Rio. Ventura considera que o líder social-democrata “não tem feito” esse trabalho e que “não se pode pedir à IL ou CDS que façam o que não conseguem fazer porque não têm nem militantes nem apoio para o fazer”.

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A verdade é que só vai haver um governo de direita se os dois partidos fizerem o seu papel: o PSD e o Chega. Temos identidades diferentes, espíritos de missão completamente diferentes e objetivos diferentes, mas de que vale o Chega ter 10% nas autárquicas ou 15 ou 20 se o PSD continuar na miséria em que está? Dá para nós mas não dá para o país”, realçou.

No final do dia 26 de setembro, André Ventura quer que os resultados do partido vão mais além e possam servir para refazer uma história já conhecida: “António Guterres caiu depois de umas eleições autárquicas, vários governos socialistas ficaram fragilizados depois de eleições autárquicas e o que esperamos é que estas eleições autárquicas marquem o início do fim do governo de António Costa em Portugal, demore mais ou menos.”

“O que eu gostava era que 2021 fosse a repetição de 2001, em que o PS teve uma derrota tremenda nas principais cidades com o esforço da direita, que na altura e o CDS. Hoje essa direita é o PSD e o Chega“, admitiu o líder do Chega.

Apesar de admitir que “em alguns municípios se venham a realizar acordos ou coligações pós-eleitorais com o objetivo de retirar os socialistas do poder”, o líder do Chega argumentou que o Chega vai sozinho a eleições porque não quis estar “debaixo de outro partido”. Tudo para medir “o impacto real do Chega“.

“Vamos afirmar a nossa posição sozinho, depois das eleições logo se verá o caminho que vamos tomar, sendo que o objetivo primeiro é sempre arredar os socialistas da influência e da base do poder e o segundo é não perder a nossa identidade”, insistiu.

Ventura suspende mandato de deputado e vai liderar campanha eleitoral pelo país

André Ventura vai suspender o mandato de deputado da Assembleia da República para andar na estrada, numa caravana que vai percorrer “todos os distritos”, por entender que deve “dar a cara” juntamente com os candidatos pelo facto de liderar um partido “ainda muito jovem”.  “Era meu dever não estar fechado na Assembleia da República a ver a caravana passar.”

Nessa altura, o lugar do Chega no Parlamento vai ficar ocupado por Diogo Pacheco Amorim, o segundo da lista de Lisboa que elegeu o primeiro deputado do Chega.

Ao contrário das eleições Presidenciais em que o deputado único teve de faltar para fazer campanha, uma alteração ao regimento permite agora que Ventura seja substituído por Pacheco Amorim. O líder do Chega recordou que esta mudança aconteceu “contra a vontade do PS”, mas realçou que “não fazia sentido que partidos mais pequenos ficassem reféns no Parlamento”.

Apesar de ir liderar a campanha eleitora de Norte a Sul, e além de acreditar que implementação local do Chega vai ter um marco nestas eleições, Ventura considera que este é o momento certo para mostrar que o partido não é de um homem só e que há “múltiplos rostos e identidades, múltiplos dirigentes e múltiplas vontades”.

Um vereador em Lisboa e uma comparação com o BE

Lisboa está no topo das prioridades do Chega, com Nuno Graciano a liderar a candidatura à câmara municipal da capital e com o objetivo de conquistar o lugar de vereador.

Ventura disse ser importante que o Chega tenha “uma palavra a dizer na governação da câmara”, antecipa que “Nuno Graciano vai ser vereador da Câmara Municipal de Lisboa” e há ainda espaço para sonhar mais alto, ao ambicionar “mais vereadores”. Independentemente de um ou mais vereadores, o líder do partido falou num “resultado histórico” e recordou que “o BE só conseguiu um vereador da CML ao fim de duas décadas de se candidatar ao município”.

Em Lisboa o Chega vai concorrer a todas as freguesias do concelho e, apesar de Nuno Graciano continuar a deixar as propostas para depois, Ventura acredita que a capital pode impulsionar um bom resultado nacional.