O futuro já é presente e, como tal, é crucial que o tecido empresarial português consiga acompanhar o ritmo da inovação, que, já se sabe, é acelerado e cada vez mais verde e digital. Ciente desta realidade, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) criou o projeto EcoEconomy 4.0, destinado a apoiar as pequenas e médias empresas (PME) do Norte, Centro e Alentejo, de todos os setores de atividade.
Em traços gerais, o projeto EcoEconomy 4.0 consiste na produção e disseminação de conhecimento sobre economia circular e descarbonização, procurando estimular as empresas, nomeadamente as PME, a adotar práticas inovadoras e sustentáveis, com recurso às tecnologias digitais da Indústria 4.0. Segundo Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, com esta iniciativa, “o grande objetivo da AEP é reduzir o baixo conhecimento das empresas em áreas que constituem fatores críticos de inovação e competitividade sustentável”. “Pretendemos mobilizar a força motriz da economia portuguesa para potenciar o cumprimento das metas ambientais nacionais e europeias, mostrando às empresas a importância de adotarem práticas inovadoras e sustentáveis a nível económico e ambiental, numa lógica de economia regenerativa”, especifica o responsável.
Acima de tudo, “a AEP quer dar o seu contributo para que Portugal não se atrase na adoção dos novos fatores críticos de competitividade, que levam a níveis de desenvolvimento mais elevados e à aproximação de países mais avançados”, sublinha em entrevista ao Observador Lab.
EcoEconomy 4.0 na prática
São três as grandes áreas temáticas em torno das quais o projeto EcoEconomy 4.0 é desenvolvido: descarbonização/transição energética, economia circular e análise das tecnologias digitais da Indústria 4.0. Para tal, quatro grandes atividades são levadas a cabo, como forma de concretizar o programa na prática. Uma delas assenta naquilo que a AEP designa por inteligência estratégica e que, de acordo com Luís Miguel Ribeiro, “contempla um conjunto de atividades desenvolvidas em prol da produção de conhecimento científico e tecnológico em torno dos três domínios do projeto, bem como o levantamento e sistematização de casos de sucesso e boas práticas empresariais”.
Outra atividade passa pelo desenvolvimento de ferramentas de suporte ao aprofundamento da economia circular nas empresas, nomeadamente, através da “disponibilização de uma ferramenta de autodiagnóstico online, que avalia o potencial de circularidade e desempenho ambiental das PME, incluindo a utilização de tecnologias digitais da Indústria 4.0, estimuladoras dessa abordagem”.
Prevê-se igualmente o desenvolvimento de ferramentas destinadas a apoiar a transição energética nas empresas. Também neste caso, será colocada à disposição dos interessados uma ferramenta de autodiagnóstico online, para avaliar a distância a que as PME estão de conseguir atingir objetivos de descarbonização, passando também pelo uso de tecnologias digitais adequadas.
Por fim, estão ainda contempladas ações de ativação e informação sobre economia circular e transição energética, que, nas palavras do responsável, se destinam a “potenciar a utilização do conhecimento e ferramentas a desenvolver pelo projeto, através de um maior envolvimento das PME no processo, e promover as ações cooperativas nos dois domínios abordados pelo projeto”.
Destaque-se que o projeto EcoEconomy 4.0 é apoiado pelo COMPETE 2020, através do Portugal 2020 e do FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, tendo envolvido um investimento elegível de cerca de 711 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 604 mil euros.
Empresas recetivas
Quanto à recetividade por parte das PME portuguesas, Luís Miguel Ribeiro assegura que já se faz sentir, até porque o impacto da pandemia leva à procura de soluções: “As empresas estão recetivas a este novo projeto da AEP, por saberem que lhes vai aportar novas competências nas áreas da circularidade e da descarbonização/transição energética. Sabem que os planos nacionais de recuperação e resiliência vão dedicar cerca de 37% dos gastos totais a investimentos e reformas que apoiem os objetivos climáticos.”
O responsável estima que o projeto abranja 370 micro e pequenas e médias empresas situadas no Norte, Centro e Alentejo. “O projeto está especialmente vocacionado para micro e PME, por serem as que mais necessitam de apoio, e as regiões escolhidas foram estas por serem as menos desenvolvidas”, justifica. Ainda assim, tendo em conta as ações que vão ser desenvolvidas e a informação veiculada — que está acessível no site do projeto e não implica qualquer tipo de registo —, “a AEP espera um impacto a nível nacional muito superior”, afirma.
Projeto acessível a todos
Uma das características deste projeto é precisamente a sua total abertura às empresas que dele quiserem beneficiar. Como explica o presidente da AEP, “tendo em conta que o projeto EcoEconomy 4.0 consiste na produção e disseminação de conhecimento sobre economia circular e descarbonização, as empresas podem aceder livremente a todos os conteúdos de carácter científico e tecnológico que já foram e que ainda serão produzidos no âmbito do projeto”. Neste momento, as PME têm já ao dispor, na área de publicações do site, “informação relevante para apoio ao desenvolvimento da sua atividade de forma mais sustentável”, realça.
Está ainda prevista a realização de um programa de dinamização e aprofundamento das temáticas, através de um ciclo de workshops. “Serão workshops dinâmicos e participativos com a comunidade empresarial das sub-regiões de abrangência do projeto”, esclarece, acrescentando que haverá “recurso a metodologias inovadoras e com base nas melhores práticas existentes”. Entre os assuntos a abordar, contam-se “Design para Economia Circular”, “Estratégias Circulares”, “Modelos de Impacto — Expansão da Sustentabilidade”, “Ecoinovação de Processos e Produtos” ou “Financiamento da Transição Energética e a Eletrificação, entre outras.
Para já, Luís Miguel Ribeiro espera que o projeto chegue aos seus destinatários e cumpra os seus desígnios. “Um bom balanço será conseguirmos fazer chegar a mensagem certa e no tempo certo ao maior número possível de micro e PME destas regiões, por forma a que todas possam ter acesso a uma transição justa e inclusiva”, conclui.
Este projeto é apoiado pelo COMPETE 2020, no âmbito do Portugal 2020, e com o apoio do FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional é um investimento elegível de cerca de 711 mil euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 604 mil euros. O apoio do Compete2020 é determinante para conseguirmos fazer cumprir este propósito. O incentivo concedido a este projeto é um sinal claro às empresas de que este é o caminho certo e de que não estão sozinhas a percorrê-lo.