Patrícia Mamona aterrou no Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa) e foi recebida por uma pequena multidão, a quem deixou um “especial obrigada”, acompanhado de um agradecimento “a todos os portugueses”.
Mas a vice-campeã olímpica tinha bem mais para dizer do que apenas ‘obrigada’. Sobre o seu resultado nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a atleta não escondeu o orgulho pelos resultados alcançados nesta edição dos Jogos: “Isto é histórico, é fazer parte do clube das melhores de sempre no triplo salto”. E a alegria não é apenas pela medalha, mas também pelo recorde (pessoal e nacional) acima dos 15 metros — uma marca que Patrícia Mamona espera agora manter. “Quero consolidar estes 15m porque, sinceramente, ainda não me caiu a ficha de que eles realmente aconteceram”, admitiu.
“Fui feliz. Vice-campeã do mundo, clube dos 15 metros, meti Portugal no pódio… é excecional”, disse a atleta aos jornalistas e ao grupo que a recebeu no aeroporto. “Até hoje, se calhar, muitos não acreditavam em mim, ‘já é velha’… mas eu ainda tenho muito para dar”, garante. Palavras semelhantes às que já tinha proferido em Tóquio, quando agradeceu ao seu treinador por toda a preparação e por ter acreditado nas capacidades da atleta quando muitos procuravam demovê-la do triplo salto. Desta vez, voltou a deixar um agradecimento especial a José Uva, a quem disse “conseguimos”.
Questionada pelos jornalistas com a pergunta da praxe sobre se está pronta para o ouro nos Jogos de Paris, Patrícia Mamona demonstrou alguma confiança, mas contida: “Não posso desvalorizar as minhas adversárias, mas de mim esperem sempre o melhor” disse. O ouro “é sempre um objetivo, mas não podemos esquecer que o primeiro lugar foi para a Yulimar Rojas, recordista do mundo”, recordou. Rojas, de resto, bateu o recorde olímpico do triplo salto com uma marca de 15,67 metros.
Ressalvas feitas, a especialista no triplo salto confessou mesmo que espera ainda conseguir mais: “Quero aproveitar esta maré, porque tenho isto tudo nos pés e quero repetir isto mais vezes”. E, para já, considera que o facto de ter 32 anos não é um problema. “Sinceramente, não sei quando é que o meu corpo vai começar a dizer que não. Mas acho que quando a mente está ativa e a mente quer, o corpo consegue. Quando chegar a altura, será a altura”, diz, sobre a possível reforma.
Dezenas de pessoas esperavam Mamona no aeroporto de Lisboa. Mas, ainda em Tóquio, a atleta já tinha sentido o carinho dos colegas de comitiva. “Quando cheguei ao meu prédio [na Aldeia Olímpica], tive uma grande receção e queriam que eu fizesse um discurso e tudo, mas eu não estava capaz ainda”. E, para a atleta, tudo isto teve mais sabor por ser nos Jogos Olímpicos, que considera serem especiais: “É uma competição que não dá para descrever, é muito diferente das outras. É muito emotiva”.
No final, a atleta deixou ainda uma mensagem positiva. Questionada a propósito das queixas que Fernando Pimenta deixou sobre a falta de apoios ao desporto, a vice-campeã olímpica confessou que “os apoios fazem muita falta nas disciplinas mais técnicas”. “Mas quero reforçar que eu vim do desporto escolar e é do desporto escolar que vêm muitos dos atletas de elite”, sublinhou.