Entre 1992 e 2021, passaram 29 anos. Entre 1992 e 2021, passaram oito edições dos Jogos Olímpicos. Entre 1992 e 2021, Jesús Ángel García deixou de ter 22 anos e passou a ter 51. Entre 1992 e 2021, Jesús Ángel García competiu nos 50 quilómetros marcha em Barcelona, Atlanta, Sydney, Atenas, Pequim, Londres, Rio de Janeiro e Tóquio. Esta quinta-feira, assim que deu o primeiro passo na prova que decorreu em Sapporo, Jesús Ángel García tornou-se o único atleta da história a competir em oito edições diferentes dos Jogos Olímpicos.

O espanhol, que nasceu em 1969, guarda o quarto lugar de Pequim como o melhor resultado que alcançou nos Jogos Olímpicos. Foi quinto em Atenas, 10.º em Barcelona, 12.º em Sydney, 19.º em Londres, 20.º no Rio de Janeiro e não conseguiu terminar em Atlanta. No Japão, à oitava tentativa, foi 35.º — mas a vitória, a de acabar os 50 quilómetros e tornar-se o atleta olímpico com mais presenças em Jogos, já estava garantida.

“Agora, que estou a fazer os meus últimos treinos, estão a aparecer muitas memórias de sítios onde treinei e onde competi. Não desde que estou na marcha mas sim desde que comecei a praticar atletismo nas ruas de Madrid. Essas memórias aparecem para preencher os espaços que caíram no esquecimento”, disse Jesús Ángel García na última entrevista que deu antes de viajar para Tóquio, quando confirmou que iria estar presente nos Jogos Olímpicos apesar do adiamento motivado pela pandemia.

Campeão do mundo em 1993 e vice-campeão mundial em 1997, 2001 e 2009, o espanhol natural de Madrid despediu-se da carreira olímpica no dia em que também a prova dos 50 quilómetros marcha se despediu dos Jogos Olímpicos. Esta foi a última edição da competição, que vai deixar de fazer parte do cardápio dos Jogos — de forma muito poética, Jesús Ángel García só deixou a marcha quando não o deixaram marchar mais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR