A Grécia continua este sábado a lutar contra os incêndios que têm devastado milhares de hectares de floresta, após uma madrugada em que se registou uma morte e evacuações sucessivas com o vento a dificultar o combate às chamas.
O corpo de bombeiros anunciou hoje que, nas últimas horas, respondeu a 426 incêndios em áreas urbanas, 91 incêndios florestais e recebeu mais de 90 chamadas a pedir ajuda e assistência.
Os fogos estiveram também na origem da morte de um homem de 38 anos que foi atingido pela queda de um poste enquanto combatia, como voluntário, o fogo nos subúrbios a norte de Atenas.
Dois bombeiros encontram-se também em estado crítico devido a queimaduras no aparelho respiratório.
Tal como anunciado na sexta-feira à noite, pelo vice-ministro da Proteção ao Cidadão, Nikos Jardaliás, já foram detidas três pessoas: um homem em Kalamata, no Peloponeso, acusado de ter ateado incêndios, outro homem em Phocis, no centro do país, por alegada negligência após queimar restolho, e uma mulher no centro de Atenas, por tentar iniciar um incêndio.
Entretanto, um grande dispositivo tenta controlar o fogo na região da capital, Ática, onde numerosas casas e propriedades ficaram queimadas em vários bairros enquanto novas frentes surgiram em torno de uma rodovia devido às fortes rajadas de vento que na sexta-feira atingiram a região.
O chefe da Proteção Civil da Ática, Yorgos Patulis, disse hoje que os incêndios catastróficos não podem ter sido um acidente, já que vários cilindros de gás foram encontrados na área devastada no sopé do Monte Parnés.
No Peloponeso e na ilha de Eubeia, a situação também continua muito grave apesar da chuva registada durante uma hora hoje de manhã e onde os ventos fortes estão a propagar as chamas para sudoeste após terem devastado o norte da ilha, colocando a capital, Chalcis, em risco.
O governador da Grécia Central, Fanis Spanos, criticou a falta de recursos aéreos e terrestres, o que permitiu que o fogo se movesse de forma incontrolável nos primeiros dias, quando o vento não era tão forte como agora.
Na sexta-feira à noite, mais de 600 pessoas tiveram que ser retiradas de balsa de Eubeia pela Guarda Costeira, numa operação que foi captada em imagens, com moradores e turistas a assistirem da água enquanto uma parede de fogo tingia toda a montanha de vermelho e quase chegava ao mar.
Outro grande incêndio ocorreu na região de Mani, no sul do Peloponeso, onde a vice-autarca Eleni Drakoulakou disse à emissora ERT que 70% da região fora destruída.
“É uma catástrofe bíblica. Estamos a falar de três quartos do município”, frisou Eleni Drakoulakou.
A exaustão por que estão a passar as forças de combate aos fogos na Grécia fez com que o governo solicitasse ajuda ao sistema de apoio de emergência da União Europeia.
Bombeiros e aeronaves chegaram da França, Ucrânia, Chipre, Croácia, Suécia e Israel, prevendo-se que hoje cheguem operacionais da Roménia e Suíça.
Numa entrevista coletiva na sexta-feira à noite, o chefe da Proteção Civil, Nikos Hardalias, disse que os bombeiros enfrentaram “condições excecionalmente perigosas e sem precedentes” enquanto lutavam contra 154 incêndios florestais durante a semana e contra os 64 que ainda se mantinham ativos durante esta madrugada.
“Nos últimos dias, enfrentamos uma situação sem precedente no nosso país, quer ao nível da intensidade quer da distribuição dos incêndios no território e dos novos focos de chamas por todo o país”, frisou, assegurando que todos os meios existentes estão mobilizados para o combate às chamas.
A Grécia foi atingida por uma onda de calor que é considerada a mais prolongada em três décadas, com temperaturas de até 45ºC. Embora as temperaturas tenham diminuído na sexta-feira, a intensidade do vento aumentou tendo agravado a situação.
Na vizinha Turquia, incêndios descritos como os piores em décadas atingiram partes da costa sul do país nos últimos dias e causaram a morte de dez pessoas.
A autoridade florestal turca disse que 217 incêndios foram controlados desde 28 de julho em mais de metade das províncias do país e os bombeiros continuam hoje a combater seis fogos em duas províncias.