O produto interno bruto (PIB) do conjunto dos países da UE aumentou 2% no segundo trimestre, confirmou a nova estimativa divulgada esta terça-feira pelo Eurostat. Em Portugal, o crescimento foi quase duas vezes e meia superior a esse: 4,9%, o maior de toda a Europa na comparação com o trimestre anterior.

Em comparação com o mesmo período do ano anterior, a economia europeia cresceu 13,2%, depois do recuo homólogo de 1,3% no trimestre anterior, como já tinha sido indicado na estimativa rápida divulgada a 30 de julho. Aqui, na comparação homóloga, Portugal teve a quinta maior taxa de crescimento: 15,5%.

Também na comparação homóloga, o crescimento em Portugal foi superado por países como Espanha, que cresceu 19,8%, e Itália, cuja economia “saltou” 17,3%. Também a economia francesa cresceu mais do que Portugal, em termos homólogos, com um aumento de 18,7%, segundo os dados do Eurostat.

Limitando a análise aos países que partilham a moeda única, o PIB cresceu 1,9% em comparação com o trimestre anterior e em termos sazonalmente ajustados. No primeiro trimestre, o PIB da zona euro tinha baixado 0,3% em cadeia (-0,1% na totalidade da União Europeia).

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Crescimento homólogo na zona euro (vermelho), na UE (a azul claro) e nos Estados Unidos da América (azul escuro). Fonte: Eurostat.

Onde a recuperação está mais atrasada é na criação de emprego, apesar de esta terça-feira o Eurostat ter revelado que o emprego cresceu 0,5% na zona euro. O número de pessoas empregadas na zona euro tinha baixado 0,2% no primeiro trimestre (tanto na zona euro como na UE) mas neste segundo trimestre o mesmo número aumentou 0,5% na zona euro e 0,6% na União Europeia.

Em comparação com o período homólogo, o emprego cresceu 1,8% tanto na zona euro como na União Europeia, acrescenta o Eurostat.

“Economias do sul da Europa vão continuar pressionadas”

Em nota de reação aos números do Eurostat, Jessica Hinds, economista do Capital Economics, antecipa que “o crescimento robusto do segundo trimestre deve repetir-se no terceiro, apesar da expansão da variante Delta”. A expectativa é que nessa altura a economia europeia poderá, finalmente, regressar ao ritmo de produção que existia antes da pandemia. Jessica Hinds avisa, porém, que as economias do sul da Europa, como Portugal, vão continuar condicionadas pelas restrições à mobilidade e o respetivo impacto no turismo.

Nesta fase, “o impacto económico da variante Delta parece estar limitado ao setor do turismo”, diz a economista. “A distribuição das vacinas têm permitido aos governos manter as restrições em graus relativamente brandos e os indicadores de atividade de julho indicaram que as economias continuam a produzir a níveis elevados, o que sugere que está na calha mais um trimestre robusto”.