A região de Lisboa e Vale do Tejo está perto de atingir o limiar crítico de 75% das camas de cuidados intensivos ocupadas com doentes Covid-19, de acordo com o relatório das linhas vermelhas divulgado este sábado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

No que respeita às Unidades de Cuidados Intensivos, que acolhem os doentes internados em estado mais grave, o limite definido entre especialistas e autoridades políticas para considerar a pandemia controlada no território continental de Portugal é de 255 — ou seja, 75% das camas alocadas a doentes com Covid-19.

Globalmente, Portugal continental está longe desse limite e o valor até desceu em relação ao registado na semana passada: de 66% de camas ocupadas, baixou para 55%. Porém, este valor médio resulta de situações muito díspares por todo o território. A 18 de agosto, o Alentejo só tinha cinco camas ocupadas das 20 disponíveis e as regiões Norte e Centro também estão apenas ligeiramente acima de 40% da sua capacidade.

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Já as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve estão muito mais perto de atingir a linha vermelha. O Algarve tem 15 camas de cuidados intensivos ocupadas, 65% das camas disponíveis, e a região Lisboa e Vale do Tejo tem 72% (quase 75%), 74 das 103 destinadas ao efeito.

Algarve pode ultrapassar 960 casos por 100 mil habitantes

Já relativamente à disseminação da pandemia pelo país, a incidência cumulativa a 14 dias (ou seja, o número de casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas) era no dia 18 de agosto de 312 casos por 100 mil habitantes a nível nacional, mas o máximo foi atingido na região do Algarve, com 748 casos por 100 mil habitantes.

O Norte e Lisboa e Vale do Tejo desceram a incidência cumulativa, mas as outras três regiões do continente subiram, em linha com o que também aconteceu com o índice de transmissibilidade. Todas as regiões do continente apresentam uma incidência cumulativa entre 300 e 350 casos por 100 mil habitantes, exceto o Algarve, cuja incidência é o dobro.

“Se estas taxas de crescimento se mantiverem, o limiar da taxa de incidência a 14 dias de 960 casos por 100 mil habitantes poderá ser atingido em duas semanas a um mês na região Algarve e o limiar 480 casos por 100 mil em um a dois meses na região Alentejo”, lê-se no relatório.

Infeção alastra entre os jovens e decresce entre os idosos

A faixa etária dos 20 aos 29 anos tem sido aquela que, diariamente, apresenta o maior número de novas infeções e é, naturalmente, a que apresenta maior incidência cumulativa a 14 dias — 776 casos por 100 mil habitantes — e com tendência para crescer.

As faixas etárias dos 10 aos 19 anos e dos 30 aos 39 anos também estão acima dos valores nacionais com uma incidência cumulativa de 647 e 369 casos por 100 mil habitantes, respetivamente.

Por oposição, os idosos com mais de 80 anos apresentaram uma incidência cumulativa de 135 casos por 100 mil habitantes, “que reflete um risco de infeção inferior ao risco para a população em geral, com tendência decrescente”. Na casa dos 70 anos (101) e dos 60 (127), a incidência é ainda menor.

Neste caso, o indicador mais importante é que a incidência cumulativa para pessoas com mais de 65 anos se mantenha abaixo dos 240 casos por 100 mil habitantes. Na última semana este bastante abaixo (115) e a descer desde final de julho.

Proporção de testes positivos em cima da linha vermelha

Na última semana avaliada, assim como na anterior, 4% dos testes de diagnóstico realizados tiveram um resultado positivo. Estes resultados colocam Portugal em cima da linha vermelha definida para este parâmetro por duas semanas consecutivas.

O ideal seria ter sempre menos de 4% de testes positivos entre todos os testes realizados. De 12 a 18 de agosto, realizaram-se mais cerca de três mil testes, num total de 402.358 do que na semana anterior.

Na última semana, o país atingiu outra linha vermelha no que toca ao controlo da pandemia: 88% dos casos de infeção por SARS-CoV-2 foram isolados em menos de 24 horas após notificação. Para que o país estivesse num nível de risco reduzido em relação a este indicador era preciso que mais de 90% dos casos de infeção fossem isolados em 24 horas.

No mesmo período, de 12 a 18 de agosto, 72% dos casos de infeção notificados tiveram todos os seus contactos rastreados e isolados (quando necessário).

Por outro lado, os laboratórios nacionais continuam céleres a inserir os dados na plataforma Sinave Lab: apenas 4,1% demorou mais de 24 horas entre a requisição do teste e a obtenção dos resultados, sendo que o limite é 10%.

R(t) estável ou a descer a nível nacional, mas a subir em algumas regiões

O índice de transmissibilidade nas regiões Centro (1,01), Alentejo (1,03) e Algarve (1,04) é ligeiramente superior a 1 e com uma tendência “constante a crescente”.

A nível nacional e também nas regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo o R(t) é menor que 1 e com uma “tendência estável a decrescente”, indica o relatório, ainda que desde o final de julho o índice de transmissibilidade tenha aumentado de 0,92 para 0,98 — e o que valor absoluto indique um ligeiro aumento generalizado na última semana.

O valor médio do R(t) apresenta um aumento em todas as regiões: Norte de 0,91 para 0,97, Centro de 0,99 para 1,01, LVT de 0,96 para 0,97, Alentejo de 1,01 para 1,03 e na região do Algarve de 0,94 para 1,04.”

99,5% dos novos casos são da variante Delta

Entre 2 e 8 de agosto, a variante Delta representou 99,5% dos novos casos em Portugal e a variante Alpha 0,5% — há quatro semanas com valor residual (abaixo de 1%). Neste período não foram analisados geneticamente casos com outras variantes (Beta, Gamma, Lambda ou Delta Plus).