Rylee McCollum, Jared Schmitz, David Espinoza e Kareem Nikoui tinham 20 anos. Max Soviak, Hunter Lopez e Humberto Sanchez tinham 22. Daegan William-Tyeler Page e Ryan Knauss, 23. Mais velhos só Johanny Rosario, que tinha 25, e Darin Taylor Hoover, que morreu aos 31 anos. Estes são os nomes dos 13 militares norte-americanos que morreram no atentado terrorista de quinta-feira, em Cabul, como revelou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América e conta o The Washington Post.

Num dia apenas morreram mais soldados norte-americanos no Afeganistão do que durante todo o ano de 2020. O ataque do bombista suicida no aeroporto de Cabul foi o mais mortífero desde 2011. Todas as vítimas eram crianças (ou bebés) quando ocorreu o atentado do 11 de setembro a guerra começou. Agora, como conta o mesmo jornal, estes 11 homens e duas mulheres deixam família para trás e somam-se às vítimas que o fatídico dia provocou.

Afeganistão. Só no ataque de quinta-feira morreram mais soldados americanos do que em todo o ano passado

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As vidas que os militares que morreram deixaram para trás

“Ele nasceu no mesmo ano em que começou, e terminou a sua vida com o fim desta guerra”, refere Steve Nikoui, pai de Kareem Nikoui. “Estou muito desapontado com a maneira como o Presidente lidou com isso, ainda mais com a maneira como os militares lidaram com tudo”, acusa Nikoui.

Outra das vítimas que está a comover os EUA é Rylee McCollum. O jovem de 20 anos tinha casado este ano a 14 de fevereiro, o dia dos namorados. Em abril, sai do país para a sua primeira missão noutro continente e deixa a mulher, que ficou grávida, à sua espera.

A ida para o Afeganistão aconteceu apenas há duas semanas. Seria uma das últimas paragens antes de voltar para poder ver o filho ou filha a nascer.

Rylee McCollum, de 20 anos, ia ser pai em breve. Foto: CNN/Família do militar

Amigos próximos lembram que McCollum quis ir para a Marinha desde sempre. “Alistou-se no dia em que completou 18 anos”, refere a irmã, Roice McCollum, ao mesmo jornal. Apesar de a família estar devastada, diz que há um pensamento que tem ajudado. “Sabíamos que estava onde queria estar: a servir o seu país”, diz.

A 20 de agosto, Nicole Gee, a única mulher desta lista, já era uma das caras desta guerra. O motivo não era triste. Pelo contrário, Gee é uma das duas militares fotografadas a pegar num bebé ao colo e tomar conta dele. Na última fotografia que partilhou na sua conta do Instagram, vê-se a jovem a ajudar a pessoas a entrar num avião no aeroporto internacional de Hamid Karzai, em Cabul. “Adoro o meu trabalho”, escreveu na legenda.

“Ela era uma criança perfeita. Nunca teve problemas. Sempre foi pelo caminho certo. Nunca se distraiu”, disse Richard Herrera, o pai da Nicole, ao mesmo jornal. Poucos dias antes de ter ido para o Afeganistão, tinha recebido uma mensagem da filha: “Disse-me que estava a ter a experiência da sua vida. E eu disse-lhe que estava orgulhoso dela“.

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As outras vítimas deixam também relatos igualmente comoventes. “Estou incrivelmente devastado por não ser capaz de ver o homem em que ele se estava a tornar”, desabafou o pai de Jared Schmitz, Mark Schmitz. Elizabeth Holguin, mãe de David Espinoza, conta um relato igualmente triste mas, à semelhança da maioria das palavras que os familiares das vítimas têm partilhaod, a tentar lembrar o que o filho estava a fazer: “Era sua vocação e morreu um herói”.

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