Rúben Semedo ficou a conhecer esta quinta-feira, 48 horas depois do previsto, as medidas de coação no âmbito da acusação de violação feita por uma jovem de 17 anos no passado fim de semana. De acordo com a imprensa grega, o internacional português do Olympiacos foi libertado sob fiança de 10.000 euros e está também proibido de sair da Grécia, o que faz com que não seja opção para Pedro Martins nos três encontros fora dos gregos na Liga Europa caso não seja emitida uma licença especial para o efeito. O central fica também sujeito a apresentações periódicas no posto de polícia mais próximos de Glyfada, onde reside.
“Não se preocupem, amigos. Vão ver [como estou inocente]”, tinha dito à chegada ao Tribunal Central de Atenas, pouco antes das 11h portuguesas, menos duas horas do que na Grécia. O interrogatório, segundo a imprensa helénica, terminou por volta das 14h, sendo depois conhecidas as medidas de coação supracitadas. “Sou inocente, sou inocente!”, atirou depois à saída, mostrando aos jornalistas que já não tinha algemas nos pulsos e que estava livre antes de rumar a uma zona vetada à imprensa com os advogados.
RÚben Semedo à entrada do tribunal pic.twitter.com/0n5ZUhcOZ9
— Gol de Letra (@GoldeLetra7) September 2, 2021
Segundo o jornal Gazzetta.gr, Rúben Semedo, que esteve a ser ouvido durante cerca de duas horas e meia, terá dito que manteve relações sexuais com a alegada vítima mas com o consentimento da mesma. Em relação à idade (17 anos), o jogador reiterou o que já tinha sido veiculado pelo advogado: no momento em que se conheceram, a jovem terá mentido sobre a sua data de nascimento, referindo que tinha 19 anos. Com isso, os juízes consideraram que não existia matéria de facto para manter a prisão preventiva.
Acredito que a inocência do meu cliente foi provada. Existem contradições entre os depoimentos e isso foi levado em consideração para a decisão dos juízes. Não houve indícios de violação”, disse Marizana Kikiri, advogada que faz parte da equipa de defesa do internacional português.
Nas últimas horas, a imprensa grega, neste caso o jornal Newsbomb, revelara mais alguns detalhes sobre o processo que se tornou público na manhã de segunda-feira, nomeadamente partes do relatório dos exames realizados à denunciante. “Não foram encontradas feridas, hematomas ou lesões recentes nos genitais nem no ânus”, advoga, abordando ainda dois hematomas detetados no tronco: “Poderão ser resultantes de uma pancada ou de um choque com uma superfície dura. A abrasão poderá ter sido causada por um objeto aguçado. Estas lesões poderão ter sido provocadas na altura do alegado incidente”.
“Vamos comparecer em Tribunal e ficar a saber qual é a decisão. O meu cliente está inocente e isso será provado. Não há qualquer lesão na zona genital, o que indica não ter existido uma violação. De acordo com a lei, ela já está numa idade em que pode tomar decisões a nível sexual. Portanto, não se coloca a questão do crime de sedução”, destacara esta quarta-feira Stavros Georgopoulos, advogado de Rúben Semedo.
“Sou inocente e vocês [jornalistas] vão ver. Quero que estejam aqui quando eu for absolvido. É tudo sobre dinheiro. Se não fosse futebolista nada disto estaria a acontecer”, gritou o jogador, que continua em prisão preventiva, à saída do Tribunal na passada terça-feira, após ter vista a primeira audição adiada.
O que se sabe sobre o caso e quais são as versões das duas partes
O caso aconteceu na madrugado do último fim de semana, com a denúncia a ser apresentada poucas horas depois. Depois de ter estado num café na zona de Glyfada com a jovem e uma amiga também menor, Rúben Semedo terá seguido para um bar de praia em Oropos, onde se juntou um agente artístico de nacionalidade nigeriana de 40 anos cuja identidade não foi revelada. Daí, o grupo seguiu para casa do central, também numa zona nobre da cidade em Glyfada, onde a jovem de 17 anos alega ter sido violada. O caso foi relatado pela alegada vítima durante quatro horas ao Departamento de Polícia de Byron, no domingo, passando depois para o Departamento de Proteção de Menores da Direção de Segurança de Ática.
“Tinha consumido muito álcool e fui deitar-me num dos quartos da casa [de Rúben Semedo]. Acabei por adormecer. Um pouco depois, o outro homem [o suspeito nigeriano de 40 anos, descrito por alguns jornais como agente artístico] entrou e, aproveitando-se do meu péssimo estado, obrigou-me a ter relações sexuais. Mais tarde, depois de ele sair, [Rúben] Semedo entrou no mesmo quarto e, depois de trancar a porta, obrigou-me também a ter relações sexuais”, terá dito a vítima no depoimento feito este domingo, que foi corroborado pela amiga que a acompanhava, também ela uma menor de 16 anos. A mãe entregou também às autoridades as roupas que a filha tinha consigo nessa madrugada e o telemóvel.
“O meu cliente nega a acusação, lamentando o facto de ter sido exposto e de ter dado uma declaração à força. Quando acusamos alguém deveria ser algo com suporte em algum comportamento. Há evidências sólidas que impedem a acusação”, defendeu no dia seguinte o advogado de Rúben Semedo, em declarações à saída do Ministério Público de Evelpidon. “Ela própria disse que tinha 19 anos. Quando a virem [a alegada vítima] vocês vão dizer-me se ela parece que tem 17 ou 23-24 anos. Eles estiveram juntos durante 15 horas, é inconcebível que seja acusado de repente de violação. Mas neste momento, o problema não é a idade, o problema é saber se houve algum contacto voluntário”, acrescentou ainda Stavros Georgopoulos.
“Uma rapariga sozinha procurou-o na sexta-feira à noite, perguntou se poderia ir ter com ele na companhia de uma amiga e depois aconteceu o que aconteceu. Se eu fosse à casa de alguém e se me violassem, sairia imediatamente de lá. Neste caso, ela continuou lá na casa, mandaram vir comida, fumaram shisha e se não tivesse existido esta queixa provavelmente ainda continuariam lá. Não pode ter existido violação, caso contrário ela não teria mandado mensagem [a Rúben Semedo] para se voltarem a encontrar na noite seguinte. Continuaram a comer e beber todos e não ingeriram álcool ou drogas, estiveram sim a ver televisão e a ouvir música”, pormenorizou mais tarde Stavros Georgopoulos, numa entrevista à ANT1.