“Seja bem vindo à Damaia, senhor presidente”. Foi assim que Suzana Garcia, a cabeça-de-lista do PSD, recebeu Rui Rio para uma arruada — ou contacto com a população — pelas ruas desta freguesia do concelho da Amadora, que Suzana Garcia quer “fazer tremer” no dia 26 de setembro. Rui Rio foi distribuindo panfletos, falando com as pessoas que se encontravam pelo mercado, pelos cafés e pela rua, e no fim garante: “O foco do presidente do partido está em melhorar os resultados eleitorais, não em salvar a liderança“. E com esta frase escapa a todas as questões sobre as movimentações de Paulo Rangel, que pode estar já a preparar terreno para o pós-26 de setembro.
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Com cerca de três dezenas de apoiantes munidos de bandeiras e panfletos, a arruada não arrancou sem que Suzana Garcia tivesse na mão um conjunto de rosas brancas. Porquê rosas? “Consideramos que são uma flor resistente, feminina e que quando mal manuseada, como quando se manuseia mal o povo, magoa“, responde Suzana Garcia enquanto vai alertando para os problemas com os passeios, os canteiros e aquilo a que chama de “realidade escondida” do concelho da Amadora, liderado por Carla Tavares, do Partido Socialista.
No contacto com a população, a polémica candidata do PSD vai sendo bem recebida — mesmo em quem diz não votar na sua candidatura –, e por isso aproveita para em cada conversa puxar pelos assuntos que considera mais urgentes resolver: a segurança, a habitação e a falta de transportes nalgumas freguesias. À passagem por um jardim de infância quatro funcionárias acenam ao longe: “Suzana, Suzana”. A candidata aproxima-se para entregar mais um conjunto de rosas brancas enquanto vai prometendo “aumentos salariais para pôr fim à exploração a que são sujeitas”, enquanto as funcionárias dizem: “Vamos ser despedidas mas não há problema”. A cabeça-de-lista do PSD vai-se adaptando a quem encontra: se há uma pessoa com um cão, as condições são para melhorar para todos — cães e gatos incluídos.
Ao lado da candidata vai o “senhor presidente” do PSD, como é sempre diligentemente tratado por Suzana Garcia. A concorrente à autarquia da Amadora vai apresentando Rui Rio aos munícipes e Rio vai aproveitando para recordar os tempos de autarca “com problemas na Amadora em tudo semelhantes a problemas que encontrei no Porto há 20 anos”, diz aos jornalistas. Já quase no fim da arruada, nas declarações finais, não tem dúvidas em dizer que “no caso da Amadora o PSD tem uma candidata excelente“, reconhecendo que “nalguns municípios é mais difícil encontrar bons candidatos do que noutros” e pedindo para que se olhe “para a forma como a rua reage a esta candidatura e não um punhado de comentadores”.
O presidente do PSD recusa a falta de identificação com as mensagens anti-sistema de Suzana Garcia, que garante que já utilizava “ao longo dos anos, ainda antes de existir uma noção concreta da evolução da sociedade. Obviamente que cada um tem o seu estilo e fala à sua maneira, mas que estamos a caminhar para um sistema mais enquistado em que a mudança é mais difícil, disso não tenho dúvidas”, diz Rui Rio, acrescentando que “nas autárquicas é possível começar a mudar o país. Se conseguirmos a mudança em muitas autarquias do país, o país começa a transformar-se a partir dos municípios“.
Rui Rio garante estar focado no objetivo das autárquicas e diz que “o presidente do partido tem que trabalhar para alcançar os resultados, tal como o presidente de uma empresa, e no partido os resultados são melhorar nas eleições locais. Eu estou focado em fazer isso, é isso que vou fazer, independentemente de mais artigo, menos artigo. Estou focado no maior interesse do PSD, que é conseguir o melhor resultado possível nas autárquicas“, diz o presidente dos social-democratas, recusando comentar qualquer incómodo com as iniciativas levadas a cabo por Paulo Rangel, que tem estado também a contribuir para o conta-quilómetros destas eleições, marcando presença em várias candidaturas.