Christian Odendahl, economista-chefe do “Center for European Reform” (CER), acredita que Angela Merkel, vai “deixar um vazio”, mas admite que a chanceler falhou na preparação da Europa para “algumas das principais questões do século XXI”.

Merkel é, há 16 anos, líder do Governo alemão, e não se recandidata a mais um mandato. Olhar para o futuro da Europa sem a considerada “mulher mais poderosa do mundo” à frente do Governo alemão é, para Odendahl, uma “grande questão”.

“Como pessoa, deixará um vazio, pois foi uma líder altamente respeitada e uma governante sóbria e racional. O seu sucessor terá que evoluir para se adaptar à função”, adiantou à agência Lusa, considerando que o candidato do Partido Social Democrata (SPD), Olaf Scholz, é o “mais bem posicionado para isso, dada a sua experiência”.

O economista-chefe do CER considera, ainda assim, que Merkel “não foi uma líder visionária” já que “falhou em preparar a Europa (e a Alemanha) para algumas das principais questões do século XXI”.

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“Ela estava ocupada principalmente com a ajuda e condução da Europa em várias crises. O fundo de recuperação da pandemia, que ela lutou para conseguir, vai destacar-se economicamente no seu legado”, sublinhou.

Acrescenta, como ponto negativo, a “abordagem da crise do euro”, sendo vista como “maioritariamente equivocada”.

Mais do que os resultados das eleições de 26 de setembro, e do que conhecer o partido vencedor, o interesse dos alemães concentra-se em perceber os possíveis desenhos de uma futura coligação que possa formar Governo.

Em 2017, as negociações para chegar a um consenso levaram quase meio ano, com os liberais a abandonarem as discussões pelo meio. Desta vez, Christian Odendahl volta a antecipar um processo que se pode arrastar no tempo.

“Nenhum bloco, como o SPD com os “Verdes”, ou a União Democrata-Cristã (CDU) com os liberais do “Fdp”, deverá conseguir a maioria sozinho. Por isso, é bem provável que o discurso de Natal da televisão ainda seja feito por Angela Merkel”, apontou.

O economista alemão considera que isso não deverá ser uma preocupação, já que a “grande coligação” que atualmente governa (formada pela CDU-CSU e o SPD), está “bem preparada para continuar a conduzir o país por mais uns meses”.

“Se for muito além do Natal, os eleitores alemães poderão ficar um pouco impacientes, mas a economia pode facilmente lidar com negociações de coligação mais longas do que o normal”, destacou.

De acordo com as sondagens reveladas nos últimos dias, o SPD mantém-se à frente da CDU, partido de Angela Merkel. As eleições legislativas estão marcadas para o dia 26 de setembro.