Sete associações enviaram à Metro e Câmara do Porto um pedido de informação para saber que “providências” estão a ser tomadas para evitar “impactos atentatórios” da conservação do monumento e jardim envolvente na rotunda da Boavista, no Porto.

Em comunicado, a Campo Aberto — Associação de Defesa do Ambiente, uma das sete associações signatárias, esclarece que, face às obras da Metro do Porto em curso e previstas para a rotunda da Boavista, enviaram um “pedido de informação relativo às providências que estão a ser tomadas” tanto pela empresa como pela autarquia.

Na missiva enviada ao presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, as sete associações signatárias (seis do Porto e uma nacional) dizem-se “preocupadas com possíveis incidências negativas” sobre o jardim da Rotunda da Boavista face às obras em curso para a linha de metrobus e a linha Rosa do Metro do Porto.

“Dado que a própria Declaração de Impacte Ambiental admite a possibilidade de efeitos significativamente negativos para o jardim, nomeadamente, em fase de exploração, perguntamos que diligências e providências tomou, está a tomar e vai futuramente tomar o executivo municipal para evitar prejuízos aos valores patrimoniais expostos a tais incidências”, questionam.

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Já na carta enviada ao presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, os signatários afirmam que tanto o monumento, como o jardim deve ser “respeitado e preservado em quaisquer circunstâncias”.

Citando as eventuais consequências apresentadas na Declaração de Impacte Ambiental da Linha Rosa, os ambientalistas dizem ser “com grande preocupação” que veem as intervenções mencionadas para a Rotunda da Boavista.

No comunicado, a associação lembra ainda que em 19 de dezembro foi enviado um requerimento conjunto à Direção Geral do Património Cultural (DGPC) para que o monumento aos Heróis da Guerra Peninsular e o jardim envolvente fosse classificado como património cultural.

“Requerimento esse sem resposta”, afirma.

Além da Campo Aberto, as duas cartas têm como signatários a Árvore, a Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas, a Associação Cultural e de Estudos Regionais, a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, o Clube Unesco da Cidade do Porto e o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro.

Em setembro de 2020, quatro destas associações tinham denunciado as “mutilações” ambientais previstas com a extensão da rede de metro, contestando a destruição de três jardins no centro do Porto e o abate de mais de 500 sobreiros em Vila Nova de Gaia.

Segundo o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE), de fevereiro de 2020, está previsto o “abate/transplante das árvores ao longo da rua de Júlio Dinis, no passeio Poente” e, na Boavista, ao longo do passeio Leste da avenida de França.

O relatório menciona ainda que será “impossível evitar a interferência” da obra com o monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, situado no jardim da rotunda da Boavista.

A nova Linha Rosa do Metro do Porto é formada por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.