Simon Biles faz parte de um lote de quatro atletas olímpicas, com McKayla Maroney, Maggie Nichols e Aly Raisman, que vai testemunhar perante um comité do Senado dos EUA sobre o processo do predador sexual Larry Nassar, médico massagista da equipa norte-americana de ginástica, a cumprir pena de prisão perpétua por abusos sexuais a menores. Neste caso, a audiência incide sobre uma investigação à ação, ou neste caso inação, do FBI, perante as primeiras queixas e indícios de atividade criminosa de Nassar. Alegadamente, poderão ter sido abusadas cerca de 70 melhores desde que o FBI recebeu informações, em julho de 2015, e a detenção de Nassar, praticamente ano e meio depois.

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As quatro atletas serão ouvidas no primeiro painel de testemunhas perante o Comité Judicial do Senado logo na quarta-feira de manhã, com o segundo painel a incluir o diretor do FBI Christopher Wray e o inspetor-geral do Departamento de Justiça, Michael Horowitz. Foi precisamente um documento do Departamento de Justiça que, em julho, alertou para a existência de erros “básicos” no trabalho do FBI.

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Segundo a NPR, o objetivo do Comité é averiguar se a delegação do FBI de Indianapolis respondeu, ou não, de forma adequada às primeiras acusações a Nassar, o que poderá ter permitido que os abusos se perpetuassem mais tempo. Depois de lançado o relatório do Departamento de Justiça, alguns senadores anunciaram diligências para se perceber o que se passou verdadeiramente. “As falhas grosseiras do FBI relativamente às queixas sobre Nassar levou a que mais atletas sofressem uma dor inimaginável. Têm de ser prestadas contas por esta falha arrepiante de uma investigação bem feita. E essa falha poderá potencialmente ter sido escondida”, afirmou na altura o senador democrata do Connecticut, Richard Blumenthal.

Relatório afirma que o FBI cometeu “erros básicos” no caso dos abusos sexuais de Larry Nassar a jovens atletas

O referido relatório afirma que cerca de 70 atletas foram abusadas por Nassar entre julho de 2015 e agosto de 2016. Foi precisamente no verão de 2015 que foram reportadas as primeiras alegações contra o antigo médico à secção de Indianapolis do FBI. E no ano seguinte chegou uma queixa diferente à polícia da Universidade de Michigan State.

O advogado John Manly, citado na altura pelo New York Times, garantiu que o número é muito maior, talvez perto das 120 pacientes, incluindo uma que teria oito anos à altura dos crimes. “É um indicador devastador de que vários agentes federais encobriram os abusos de Nassar. Falharam perante estas mulheres, perante as famílias. Ninguém se preocupou minimamente com estas meninas”, refere. A investigação apenas começou em setembro de 2016, depois de um longo artigo do The Indianapolis Star que denunciava a situação. Assim, os agentes do FBI cometeram vários “erros básicos” e não agiram perante as ações que Nassar ainda praticava na altura.

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O FBI, em comunicado, criticou os seus próprios agentes que falharam na ação, destacando que “não deveria ter acontecido“. “As ações e inações de certos agentes reportadas no relatório não são desculpáveis e desacreditam a organização”, lê-se. “Faremos tudo para garantir que as falhas destes agentes que vêm no relatório não acontecem novamente”, disse ainda a agência.

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Mais de 260 mulheres e meninas dizem que Larry Nassar abusou sexualmente delas sob o pretexto de tratamento médico. Algumas das mulheres dizem que o abuso ocorreu há várias décadas. Larry Nassar admitiu que abusou sexualmente de meninas e mulheres jovens durante o tempo em que trabalhou na Michigan State University e na equipa olímpica dos EUA, que prepara os atletas para os Jogos Olímpicos.

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