As mulheres em Portugal têm mais dificuldades em arranjar trabalho e chegam a ganhar 78% do salário dos homens em empregos com as mesmas qualificações, revela um relatório da OCDE.
Estas são algumas das conclusões do relatório “Education at a Glance 2021”, divulgado esta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sobre o estado da educação no mundo.
Na escola, as raparigas têm melhores desempenhos e chumbam menos do que os rapazes. São também cada vez mais as que chegam ao ensino superior, mas no momento de entrar no mercado de trabalho, a situação complica-se.
“As mulheres jovens têm menos probabilidade de ter emprego do que os homens, especialmente aqueles com níveis de educação mais baixos”, lê-se no relatório sobre a situação relativa a Portugal.
No ano passado, apenas 65% das mulheres entre os 25 e os 34 anos que tinham concluído o 9.º ano estavam empregadas, em comparação com 80% dos homens em Portugal.
O estudo revela, no entanto, que esta diferença de género é menor do que a média nos países da OCDE, onde 43% das mulheres e 69% dos homens com conclusão do ensino médio estão empregados.
Além da dificuldade em encontrar trabalho, também os ordenados das mulheres em idade ativa são mais baixos na maioria dos países da OCDE.
“As mulheres de 25 a 64 anos ganham menos do que seus pares do sexo masculino: os seus ganhos correspondem a 76%-78% dos ganhos dos homens em média nos países da OCDE”, refere o documento.
Em Portugal, as mulheres com ensino superior têm rendimentos mais baixos em relação aos homens com nível de educação semelhante, ganhando o correspondente a 73% do ordenado dos homens. Ou seja, pelo mesmo trabalho e com a mesma formação, um homem ganha 2.000 euros e uma mulher 1.460 euros.
No caso dos trabalhadores com ensino básico, a diferença de salários entre géneros sobe para 78% em Portugal.
Quase metade (49%) das mulheres entre os 25 e os 34 anos tinha um diploma de ensino superior em 2020, contra 35% dos seus pares do sexo masculino, segundo dados do ano passado.
No entanto, continuam a ser uma minoria nos cursos ligados às ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês), um fenómeno que se regista na maioria dos países da OCDE.
Em Portugal, as mulheres representavam 29% dos novos ingressos nos programas de engenharia, indústria e construção e 17% nos programas de informação e tecnologias de comunicação.
Apesar das desigualdades entre sexos, é o estatuto socioeconómico o que mais influencia os resultados da aprendizagem e posteriormente o sucesso no mercado de trabalho, alerta o relatório.
A nacionalidade – ser nativo ou estrangeiro – também tem impacto no sucesso educativo e em encontrar emprego.
Os adultos que nasceram lá fora têm mais dificuldade em encontrar um emprego do que os seus pares nativos e, como tal, acabam por aceitar trabalhos com salários mais baixos.
O relatório sublinha ainda que os estrangeiros que chegam ainda novos ao país e acabam por estudar cá têm mais sucesso a arranjar trabalho.
O “Education at a Glance” é um relatório divulgado anualmente pela OCDE e conta com dados estatísticos dos 37 países membros da OCDE e economias parceiras.