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Prazo na maternidade e “vamos ganhar as eleições”: Costa foi dar uma ajuda ao “Manuel” em Coimbra

Este artigo tem mais de 3 anos

Com as sondagens a sugerirem uma disputa renhida em Coimbra, Costa foi dar uma "mão" ao amigo e presidente Manuel Machado. Apelou ao voto, pediu uma vitória dia 26 e deixou elogios.

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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Como a disputa autárquica em Coimbra está quente, é tempo de cerrar fileiras e nada melhor do que um “empurrão” do líder supremo para descolar dos adversários.

Com uma sondagem recente do ICS/ISCTE para a SIC/Expresso a dar uma diferença de apenas 1% entre o socialista Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra recandidato a um terceiro (e último) mandato, e José Manuel Silva, que lidera uma vasta coligação alternativa (é apoiado por PSD, CDS, PPM, Aliança e movimentos independentes), o primeiro-ministro António Costa foi esta quarta-feira à noite à cidade estudantil dar um voto de confiança e apelar ao voto no “amigo Manuel”.

No Teatro Académico Gil Vicente, que acolheu um comício em que também estiveram presentes outras figuras de relevo do partido — como o secretário-geral adjunto José Luís Carneiro e o deputado e líder da Juventude Socialista Miguel Costa Matos —, Costa deixou prometido um prazo para decidir (e avançar com) a criação de uma nova maternidade.

O primeiro-ministro aproveitou também para elogiar os candidatos do PS no concelho — Manuel Machado à cabeça — e quis deixar uma nota com múltiplos significados: com a descentralização, disse, os municípios vão ter mais competências e mais meios (leia-se: dinheiro) e é com os desígnios do PS, como a batalha pela habitação acessível, que quer o país quer Coimbra vão caminhar rumo ao progresso e à equidade. Confiante está sempre, não fosse Costa um “otimista irritante”: “”Vamos ganhar as eleições do próximo dia 26”, exclamou.

Decisão sobre a maternidade? Agora não que há eleições. Mas em outubro…

Foi uma das mensagens fortes, apresentada com o jeito habitual de António Costa e provocando riso na plateia: recorrendo à ironia para dizer que não é altura de fazer isto ou aquilo, neste caso uma promessa, fazê-lo na mesma.

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A decisão definitiva sobre o local onde será construída uma maternidade em Coimbra não será tomada agora, disse um António Costa sorridente e a gozar o prato, porque há uma campanha eleitoral a decorrer. Mas já, já a seguir é para se decidir — entre ele e o amigo “Manuel”.

Antes de anunciar o prazo, o primeiro-ministro vincou que a necessidade é evidente: “Porque queremos que Coimbra seja uma cidade para as novas gerações, para as novíssimas gerações da infância, esta cidade precisa mesmo de ter uma nova maternidade que seja digna desta cidade e desta região”, começou por dizer, levantando das cadeiras os militantes e simpatizantes do PS que o ouviam para um aplauso de pé.

Depois, Costa deu conta da evolução do processo: “Temos trabalhado muito nos últimos anos. Já vencemos várias das dúvidas, a principal das quais — a mais importante das quais — era esta: vamos ter a nova maternidade. E já resolvemos o segundo problema: como a financiar. Há neste momento 700 metros de diferença para podermos tomar a decisão final e abrir concurso para a elaboração do projeto”.

Os 700 metros de diferença referem-se às dúvidas relativamente ao local onde a maternidade irá ser construída. E Costa abordou essas dúvidas com ironia, ao mesmo tempo que estendia a mão ao autarca e candidato socialista: ““Não é altura, estamos em campanha eleitoral, concentra-te no que tens a fazer — mas Manuel [Machado], a partir do dia 27 [de setembro], doa por onde doer, não podemos levar mais do que três semanas a resolver o problema dos 700 metros”.

Ao som de aplausos reforçados na plateia, Costa ergueu a voz e exclamou: “De um lado ou de outro da estrada, a maternidade vai-se fazer porque Coimbra precisa dessa maternidade”. Não permitindo a distância ver a reação de Manuel Machado, dizer que sorria não será uma aposta muito arriscada.

António Costa e Manuel Machado esta quarta-feira à noite, em Coimbra

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

O Manuel e o Portugal que o PM prevê cor de rosa: “Vamos ganhar as eleições dia 26”

No discurso do comício de esta noite no Teatro Académico Gil Vicente — que durou mais de 20 minutos —, o primeiro-ministro fez questão de deixar elogios públicos e claros aos candidatos do PS no concelho. E puxou dos galões do reconhecimento político que têm para os defender como melhores opções para o dia 26.

A duas figuras do PS na região deixou elogios especialmente vincados: Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, e Jorge Veloso, presidente da junta de freguesia de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, que também faz parte do concelho.

O PS tem muito orgulho daquilo que é o trabalho autárquico do PS e dos autarcas do PS no concelho de Coimbra”, disse Costa, notando: “E não é para menos, porque seguramente não é por acaso que o presidente da Associação Nacional Freguesias é o Jorge Veloso e o presidente da Associação Nacional de Municípios é o Manuel Machado”.

Embalado, o PM seguiu para uma pergunta retórica: “Se os presidentes de junta de todo o país entenderam que o Jorge Veloso era o melhor para presidir a sua associação e se os 308 presidentes de câmaras municipais do país entenderam que o Manuel Machado era o melhor para presidir a sua associação, quem é o melhor presidente para a junta de freguesia e para a câmara municipal de Coimbra se não o Jorge Veloso e o Manuel Machado?”.

Costa aludiu ainda ao Plano de Recuperação e Resiliência e à importância de garantir o progresso do país, relacionando esse progresso com a vitória do PS nas eleições autárquicas que se avizinham. “Temos uma enorme responsabilidade pela frente. É a enorme responsabilidade de chegarmos a 2026 e dizermos à Europa, a nós próprios quando nos olhamos ao espelho e às novas gerações: conseguimos e levámos mesmo este país para a frente, construímos um país mais próximo, mais justo, mais dinâmico e mais moderno, criámos gerações mais felizes e um país mais feliz com as novas gerações”.

 “É por isso que vamos trabalhar — e é por isso que vamos ganhar as eleições do próximo dia 26“, exclamou.

A defesa do SNS e a crítica à direita (também autárquica) dos “seguros privados”

No comício em Coimbra, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS lembrou “um grande conimbricense”, António Arnaut, histórico socialista que morreu em 2018, e elogiou o papel do SNS — de que este foi fundador — no combate à pandemia.

Defendendo que “o que derrotou esta pandemia antes de mais nada foi o sentimento de comunidade, o espírito de solidariedade , que nos uniu a todos e permitiu e permite enfrentarmos juntos esta pandemia”, aceitando inclusive restrições às liberdades individuais pelo bem comum, Costa lembrou o ideólogo do SNS:

São estes valores da solidariedade, de que todos estamos cá para nos apoiarmos uns aos outros, de que ninguém pode ficar para trás e ser privado dos bens essenciais por carências económicas, que há cerca de 40 anos inspiraram esse grande conimbricence que é o Antonio Arnaut e que lançaram as bases do SNS”, referiu o primeiro-ministro.

A introdução serviu para elogiar o papel do SNS no combate à pandemia, que não está “vencida” mas está “controlada”. “Se hoje estamos aqui, devemo-lo seguramente à excelência, competência, dedicação e profissionalismo de todos os profissionais de saúde. Mas devemo-lo também à forma como estão organizados e trabalham nos estabelecimentos do SNS”, referiu Costa.

Sem elogiar as instituições de saúde privadas com as quais o Estado celebrou acordos em momentos de especial dificuldade para o SNS, Costa visou a “direita dos seguros” que também vai a jogo nestas eleições autárquicas: “E aqueles que à direita durante anos andaram a fazer campanha contra o SNS e andaram a dizer que o SNS era um caos, aqueles que à direita em vários concelhos prometem pagar seguros de saúde gratuitos, como se através das companhias de seguros é que tivéssemos acesso à saúde… No momento mais difícil e exigente, quem provou ter capacidade de resposta foi o Serviço Nacional de Saúde”.

Para Costa, “foi de facto trabalhando em conjunto” que foi possível resistir à Covid-19. As juntas de freguesia, por exemplo, “apoiavam famílias que tinham necessidade que a comida chegasse a casa e não podiam sair” enquanto o Estado central “reforçava o SNS”. E os municípios, entre outras coisas, “reforçaram o apoio que o Governo concedia para que as PME, asfixiadas por estarem fechadas, pudessem sobreviver, manter o emprego e o salário dos seus trabalhadores — e estão hoje já a recuperar da crise económica”.

“Foi em conjunto que mobilizando desde a excelência da capacidade de organização das nossas forças armadas aos recursos do Governo e às instalações dos municípios, conseguimos montar centros de vacinação que permitem dizer com muito orgulho que somos o melhor país do mundo na execução do processo de vacinação”, vincou Costa.

“Isto não é competindo uns com os outros, é trabalhando em equipa e parceria, funcionando em rede”, que se consegue resistir às dificuldades, defendeu também.

Costa quer um país ainda mais "rosa" dia 26 e foi a Coimbra envolver-se na luta autárquica

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

PRR. Para Costa, na habitação, há concelhos que fazem mais do que outros

O primeiro-ministro quis ainda sublinhar que as autarquias terão um papel decisivo na execução dos fundos do PRR e na estratégia que adotarão para as políticas de habitação nos seus municípios com recurso a fundos europeus. Ou seja, deu a entender que não é o Governo que ajudará mais os municípios socialistas a promoverem habitação acessível — serão os municípios socialistas que, pelas suas prioridades próprias, adotarão mais políticas nesse sentido.

“Os 2750 milhões de euros que estão no PRR não são para serem gastos pelo Governo, são para serem disponibilizadas às autarquias locais para que cada autarquia local possa executar a sua estratégia local de habitação”, começou por notar.

Não é o Governo que diferencia as autarquias, são elas que se diferenciam: há as que apostam em dar resposta às necessidades de habitação das suas populações e aquelas que infelizmente têm outras prioridades”, referiu o PM.

Costa quis ainda dar exemplos de investimentos previstos no PRR que serão aplicados em Coimbra: “Por exemplo, na área da cultura a requalificação do Museu Machado de Castro ou a intervenção no Museu de Santa Clara. E os investimentos previstos para, de uma vez por todas, tornarmos realidade o sistema de mobilidade do Mondego”.

“Antes falava-se e discutia-se se era melhor o comboio, metro, isto ou aquilo. Há uma coisa que é certa: o pior é não haver nada e hoje a obra está no Governo e vai mesmo ser uma realidade o sistema de mobilidade do Mondego”, vincou de seguida.

O PM defendeu ainda que “com os recursos que a UE pôs á nossa disposição, não podemos limitar-nos a querer chegar ao ponto em que estaríamos sem pandemia. Temos a obrigação e dever connosco, com a UE e com as nossas gerações de ir muito mais além e muito mais rápido”.

Enaltecendo a importância do investimento “na qualificação e na inovação” para superar os contrangimentos económicos das últimas décadas e para que seja possível produzir-se em Portugal “bens e serviços de maior valor do que antigamente”, Costa terminou o discurso entusiasmado e com vários vivas proferidos: “Viva o PS. Viva Coimbra. Viva Portugal. Viva Portugal. Viva Portugal”.

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