Jimmy Greaves, lenda goleadora do futebol inglês, morreu este domingo aos 81 anos. O antigo avançado, além de detentor de diversos recordes nos clubes por onde passou, mas também no futebol britânico em geral, fez parte do plantel da seleção dos three lions mais bem sucedida de sempre: a de 1966, quando a Inglaterra conquistou o Mundial a jogar em casa, tendo batido Portugal de Eusébio e cia. nas meias-finais. O nome e os feitos de Greaves continuam a ser de tal relevância que ainda este ano foi condecorado como membro da Ordem do Império Britânico.

Segundo o The Guardian, tendo o inglês nascido na zona londrina de East Ham, o mais provável era ter começado a jogar futebol no West Ham, mas acabaria por fazê-lo no Chelsea, que era à altura um clube mais “atento”. Foi logo aos 17 anos que se estreou pela equipa principal dos blues, no arranque do campeonato 1957/1958, no campo Tottenham, White Hart Lane, onde viria a ter um sucesso tremendo. Na estreia? Um golo que deu a vitória ao Chelsea, começando o hábito de marcar sempre que se estreava por um novo clube. Nessa época marcou 22 golos, na seguinte 29 e na outra 41. Até hoje, nunca nenhum jogador do Chelsea chegou aos 41 golos numa temporada. Desde 1961.

Foi já depois de ter alguns jogos pela seleção inglesa, na qual fez um total de 44 golos em 57 jogos, que chamou a atenção a clubes italianos, com destaque para a Roma e o AC Milan, que guerrearam pela contratação do jogador, que acabaria por rumar a Milão. Em Itália, Jimmy Graves não teve o sucesso que teve no Chelsea e viria a ter na seleção e no Tottenham, mas de qualquer forma fez 9 golos numa dezena de jogos. O The Guardian explica ainda que antes dessa falta de sucesso (mesmo assim com grande média de golos) o Chelsea apercebeu-se do “erro” tentou comprar Greaves de volta imediatamente, praticamente pelo dobro do que recebeu. O AC Milan disse que não e o próprio jogador, quando se dirigia com a seleção inglesa para Viena, disse aos jornalistas a dizer que ia ficar no Chelsea. Bem, o negócio estava feito, não havia nada a fazer… exceto quando o clube italiano o deixou finalmente voltar, mas para o Tottenham.

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Para continuar a tradição, voltou a marcar na estreia, novamente em White Hart Lane, como havia sido o seu primeiro jogo como sénior, e rapidamente se fixou na equipa, que na época anterior se tinha tornado a primeira do século em Inglaterra a ganhar campeonato e Taça. Os spurs conseguiram revalidar o título na Taça de Inglaterra e, no final dessa temporada, apontou 21 golos em 22 jogos, continuando um registo assinalável. Um ano depois marcou no 5-1 frente ao Atlético Madrid que valeu a vitória na Taça das Taças e os números de golos por época continuavam altos: 37, 35, 29, 15, 23, 23, 27.

Em 1966, ano do Mundial, marcou apenas 15 golos devido a um caso de icterícia, voltando aos relvados ainda debilitado. Na competição, fez jogos discretos na fase de grupos, não entrando em campo nos jogos a eliminar. Recebeu a medalha “dos que não jogaram” a final de 66 apenas em 2009. Deixou o Tottenham com 220 golos no Campeonato, o maior marcador do clube, tendo rumado ao West Ham. Por essa altura, a motivação não era a mesma, a transferência não agradava e deixou o futebol em 1971, aos 31 anos.

Teve problemas com o alcoolismo e confessou que esteve “bêbedo entre 1972 e 1977”, tendo “perdido completamente os anos 70”. Já numa melhor fase, começou a escrever no The Sun e a meio dos anos 80 vai parar a televisão para um bem disposto programa sobre futebol, com o antigo futebolista do Liverpool Ian St John, chamado “Saint and Greavsie”.

Não se sabe muito da vida do antigo craque dos anos 90 em diante, exceto que vendeu a tal medalha de vencedor do Mundial de 1966 por cerca de 40 mil euros em 2014, tendo um AVC no ano seguinte. Como os ingleses gostam de chamar à sua liga principal desde sempre, Greaves é o melhor marcador do top-flight do futebol britânico, com 357 golos.