Uma vendedora sentada numa caixa de fruta é a imagem de um mercado de Guimarães silencioso e praticamente vazio, mas cheio de lamentos confessados à líder do BE, Catarina Martins, para quem estes espaços antigos devem ser o futuro.

A mistura de mercados com campanha eleitoral costuma ser sinónimo de barulho, confusão e uma azáfama de compras, trocos, pregões e até atropelos entre quem está de passagem, compradores e vendedores, cenário aliás com o qual a caravana do BE se tem deparado nesta corrida autárquica.

Esta terça-feira de manhã em Guimarães não foi assim.

Silêncio e um espaço praticamente vazio foi o que encontrou Catarina Martins à chegada, sendo poucos os clientes que por ali se viam.

“Está parado o negócio”, disse um vendedor à líder bloquista, explicando que segunda, terça e quarta-feira é sempre assim e que, apesar de a partir de quinta-feira melhorar um bocadinho, não é suficiente.

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A coordenadora do BE — acompanhada pelo candidato do partido à Câmara de Guimarães, Luís Lisboa — foi ouvindo os lamentos de quem ali trabalha e a explicação de que a saída do mercado, já há uns bons anos, do centro da cidade de Guimarães aliada ao aparecimento “como cogumelos” das grandes superfícies tem ditado esta difícil situação.

As vendedoras, satisfeitas com a presença da “menina que só conheciam da televisão”, aproveitam o tempo morto para arrumar e organizar as bancas.

Uma vendedora em particular, que comercializa os produtos que cultiva no seu terreno, falou longamente com Catarina Martins sem nunca parar de descascar as suas favas.

“Para nós os mercados antigos são o futuro”, defendeu a dirigente do BE.

Terminada a volta pelo mercado, a caravana seguiu até ao centro da cidade, com várias paragens pelo caminho para Catarina Martins falar com quem ia passando e até ouvir o agradecimento de quem diz ter recebido um apoio devido à sua deficiência graças ao Bloco.

O último momento em Guimarães foi para a dirigente bloquista falar aos jornalistas.

“Nós hoje [esta terça-feira]estivemos num mercado praticamente vazio, que é um mercado onde são vendidos muitos produtos locais. Falei no mercado com senhoras que vendem produtos dos seus terrenos. Esta forma de vender não é o passado, é o futuro”, defendeu.

Na perspetiva de Catarina Martins, são estes circuitos curtos dos produtos da agricultura local diretamente vendidos nos mercados que permitem também “combater as alterações climáticas”.

“Os mercados tradicionais não servem apenas para as campanhas eleitorais, têm de servir sobretudo para um urbanismo que pense o ambiente, que pense o clima e que permita esta proximidade entre a agricultura e o consumidor”, defendeu.

A caravana do BE segue agora do berço de Portugal para Viseu.