Este artigo foi originalmente publicado no 4.º número da revista DDD – Dê de Delta
Os portugueses gostam de café. Se dúvidas houvesse, o estudo InMarket2020 tê-las-ia dissipado: ficou confirmado que 42,3% dos portugueses bebe não um mas dois cafés por dia – sendo a Delta a marca preferida, tanto dentro como fora de casa. A força do hábito, no entanto, faz com que a maioria destes cafés diários seja bebida em apenas quatro ou cinco tragos, para seguir com o dia sem demoras. Põe-se, então, a questão: haverá outra forma de o beber? A Delta acredita que sim. E acredita tanto que acaba de abrir duas lojas que convidam a transformar esse ato veloz e rotineiro numa experiência lenta e sensorial.
Com o aumento do turismo na última década a fazer-se sentir tanto em Lisboa como no Porto, a cultura do café tem vindo a alterar-se entre uma parte da população. Hoje, é comum ver cafetarias de inspiração internacional que propõem um leque de cafés que vão muito além do curto, cheio e pingado que nos habituámos a ouvir pedir aos balcões. Já não falta por aí quem se tenha deixado encantar pelo mundo dos cafés de filtro ou de prensa, dos blends específicos que trazem novos sabores à bebida ou os desenhos na espuma de leite que a tornam presa fácil para os likes nas redes sociais.
A Delta, como marca líder de café em Portugal, não podia deixar de estar atenta a esta tendência e decidiu criar um conceito próprio, materializado em duas lojas distintas. The Coffee House Experience é o nome destes dois espaços inaugurados em abril. Não é apenas um nome: é também, e sobretudo isso, uma nova marca que surge no universo do Grupo Nabeiro.
O conceito nasce em jeito de convite a entrar no universo do café através das sensações. Tanto em Lisboa como no Porto, o cheiro a café torrado está presente em todos os momentos, já que a torrefação acontece em loja, com extrações simples que têm como base grãos frescos e ricos em aromas e sabores. Com sorte, assiste-se inclusive ao processo da torra, que acontece pelo menos três vezes por semana em cada uma das lojas e demora perto de 20 minutos. É nesta altura que as enormes máquinas de aspeto retro assumem o protagonismo do espaço – bonitas, imponentes e, como se comprova durante a torrefação, absolutamente funcionais.
Os slow coffees que aqui se provam não se encontram noutro lugar, já que foram criados propositadamente para estes espaços. Há dois blends The Coffee House Experience: um que equilibra notas de arábica e robusta, outro que dá aos grãos de arábica mais expressão. Tanto um como outro são cafés pensados para o gosto dos portugueses, que privilegiam o sabor expressivo mas suave do café, e podem ser bebidos durante todo o dia. “A Delta criou um padrão sensorial em Portugal, temos uma grande responsabilidade nisso”, explica Marco Nanita, diretor de marketing da marca. “O segredo da Delta está precisamente no critério de seleção das origens e na mistura dos perfis dessas origens.”
Entre expressos, cocktails, cold brews e bebidas quentes mais elaboradas, há também uma carta de comida para provar. O menu é simples e propõe-se a acompanhar as bebidas ao longo das diferentes fases do dia. Se para o lanche há bolo à fatia (1,80€) de cenoura e de iogurte, pera e chocolate, para o pequeno-almoço há ovos mexidos com cogumelos e abacate (6,50€) e ainda croissants (a partir de 1,70€). Para petiscar, recomendam-se as tibornas (6€) de queijo de cabra, de queijo da serra e de presunto, e são também várias as opções de saladas e sanduíches para um almoço mais composto. Quer a refeição seja leve ou mais substancial, é obrigatório que seja calma e prazerosa, com um café saboreado lentamente, já que o lema por aqui é “feel your coffee”. Sinta o seu café.
O lugar mais privilegiado para usufruir dessa sensação, quer no Porto quer em Lisboa, é ao balcão, onde se acompanha da primeira fila a preparação de todas as bebidas. E se o expresso está pronto em poucos segundos, o café de vácuo, por exemplo, chega a demorar 18 minutos a ser preparado, numa dança de físico-química que acontece a olho nu na cafeteira de balão. Entre diferentes máquinas e sistemas de extração, podem provar-se os cafés antes de os pedir – como numa geladaria – e vai-se aprendendo com a mestria dos baristas de café, que vão dando a conhecer os seus segredos e preparando as bebidas com maior ou menor intensidade, conforme os próprios clientes lhes pedem. E se o café for para levar, nada como tirar teimas ali mesmo, com estes profissionais, que sabem aconselhar o blend certo para cada paladar e cada momento.
Porto
Rua de Alexandre Braga, 2.| Telefone: 222 022 169
Há quem já aqui tenha bebido cafés, mas de certeza que foram de cápsula. Neste espaço funcionou durante mais de 10 anos uma loja Delta Q, onde também se comiam pastéis de nata da Manteigaria, mas eram poucas as pessoas que se demoravam. Agora, bem perto do Mercado do Bolhão, em pleno coração do Porto, fica a nova The Coffee House Experience, a pedir visitas longas e tranquilas.
A arquitetura da loja mantém-se, a começar pelo pé-direito particularmente alto que confere ao espaço amplitude e luz. Sob o pórtico em madeira iluminado, fica o balcão em pedra onde acontece a magia da preparação das bebidas, com todas as máquinas utilizadas em exposição. Ao fundo, um espaço de leitura mais recatado. A decoração mistura tons escuros e outros mais quentes e conta com apontamentos em madeira escura que criam um ambiente de inspiração nórdica.
Lisboa
Prata Riverside Village, Rua da Cintura do Porto, Lote 8, Loja 1. | Telefone: 218 229 942
A loja de Lisboa fica em Marvila, no Prata Riverside Village, um condomínio projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, pensado como uma pequena vila em plena cidade e integrado na frente ribeirinha. Aqui, o The Coffee House Experience conta com uma ampla esplanada que dá para o Tejo. Do espaço interior, com janelas de um lado ao outro em vidro, a vista do rio é uma constante. A estrutura do edifício foi mantida e por isso o ambiente é algo industrial, com elementos em betão e em metal expostos pelo teto. O cinzento contrasta com o preto dos azulejos e com as madeiras, que surgem em vários tons.
Numa das ilhas funciona o espaço dedicado à aprendizagem em torno do café, onde se dão workshops de café e se abrem as portas à Academia Barista Delta, uma escola profissional da área da cafetaria que forma baristas.