“A agenda cheia estava planeada desde o inicio”, garante Fernando Medina na manhã desta quinta-feira, depois de ontem à noite ter sido conhecida uma sondagem que o coloca a 10 pontos percentuais de Carlos Moedas. O presidente e candidato do PS diz que é “preciso ter nervos de aço durante estes dias em que vão ser conhecidas várias sondagens”, mas à tarde continua a atacar a direita ao lembrar o legado de Assunção Cristas — que hoje esteve com Carlos Moedas: “Não serei eu a dar lições a Carlos Moedas nem a tirar lições de Assunção Cristas, aliás, tiro uma. É lamentável que estes anos todos depois ainda continue a defender a lei das rendas”.
Fernando Medina tem tido ao longo destas duas semanas a habitação como grande cavalo de batalha, procurando defender a política de construção de habitação mas também os projetos da renda apoiada e da renda acessível, um assunto em que tanto ataca a direita — por entender que o mercado se regula a si próprio –, como a esquerda — por ter preconceitos ideológicos que impedem a disponibilização de mais habitações. Hoje, num dia em que Assunção Cristas, vereadora da autarquia de Lisboa nos últimos quatro anos, foi demonstrar publicamente o apoio a Carlos Moedas, Fernando Medina diz que a única lição a tirar do mandato da antiga líder do CDS é que “é lamentável que Moedas continue a defender a lei das rendas que tanto tem prejudicado sobretudo os mais idosos de bairros como este”, dizia com o Bairro Alto como pano de fundo.
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Numa arruada que percorreu o Largo do Rato, o Príncipe Real, o Bairro Alto e a Bica, Fernando Medina tirou fotografias, recebeu abraços e beijinhos e mostrou que já estamos na reta final da campanha: “Agora já não é uma questão de boa sorte, é de votar. Sem votos não se ganha“, repetia o candidato que procura a reeleição para um segundo mandato a cada casa, a cada café ou a cada restaurante. À passagem da Tasca do Chico, uma catedral do fado vadio em Lisboa, Fernando Medina assume que se tem “fartado de cantar” em busca desses votos e promete voltar “mas para descansar”, não para um fadinho, como pede o dono do estabelecimento.
O candidato do PS vai encontrando quem lhe vá deixando queixas, e no Príncipe Real mantém até um debate com uma “lisboeta há quatro gerações” que diz que a cidade “não está feita para quem anda pé. Pode estar melhor para quem anda de carro ou bicicleta, mas para os peões não. Experimente atravessar o Saldanha ou fazer o transbordo na Praça de Espanha“, diz esta munícipe. Fernando Medina vai ficando impaciente e põe fim à conversa com um: “Não consigo dar-lhe razão nisso”. Menos um voto neste banco de jardim, hora de apelar a mais nas ruas abaixo.
Sondagens? “Vejo e sigo, obviamente, mas com nervos de aço”
O presidente e recandidato do PS começou o penúltimo dia de campanha com uma visita a um espaço multiusos na junta de freguesia da Penha de França, que foi apenas o inicio de mais um contacto com a população para a distribuição de panfletos e rosas vermelhas. Depois de conhecida a sondagem da Universidade Católica para a RTP e para o Público, Medina diz que “é preciso enfrentar estes dias com nervos de aço, porque vão ser conhecidas muitas sondagens”, mas reforça sempre no fim de cada comentário que “o importante é mobilizar as pessoas para votar”.
Sem esconder que “obviamente que vejo, que as sigo [as sondagens]”, Fernando Medina acrescenta que “a própria candidatura também tem as suas que permitem ler as dinâmicas” e que “no terreno o que noto é que há uma relação de confiança grande”.
Sem querer falar sobre “o dia depois das eleições”, Fernando Medina atira ainda assim que “há quatro anos os partidos assumiram as responsabilidades que entenderam assumir” e que “não existiu nenhuma situação inultrapassável” com o próprio Medina. Quanto ao futuro, “o sentimento hoje não é o de há quatro anos, em que não existiu vontade em assumir a responsabilidade da governação, que é uma partilha de responsabilidade”.
No final da iniciativa, Fernando Medina conduz a caravana até ao topo do Vale de Santo António, uma zona que quer transformar no grande pólo de habitação acessível em Lisboa, recordando que “desde os tempos de Cavaco Silva que não existiam fundos comunitários para a habitação. O PRR agora vai permitir avançar com a construção de casas a preço acessível”, ainda que novos projetos demorem sempre a arrancar “com a burocracia que existe, é possível que correndo tudo bem, dentro de dois anos estejam a ser colocados os primeiros tijolos no chão”.