Rui Fonseca e Castro, o juiz negacionista que critica as medidas do Governo contra a epidemia de Covid-19, e que está atualmente suspenso de funções, afirmou ao canal televisivo ultraconservador “El Toro TV” que os portugueses correm o risco de ficarem estéreis por causa das vacinas contra a doença. A entrevista foi prestada a 13 de setembro e há um excerto a circular nas redes sociais.

O juiz transmitiu várias informações falsas numa entrevista ao canal espanhol, entre as quais a de que a proteína S supostamente presente nas vacinas depositava-se nos testículos e nos ovários, criando uma “grande probabilidade de termos uma sociedade completamente estéril em Portugal”.

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Mas nenhuma das vacinas contra a Covid-19 distribuídas em Portugal contém esta proteína do coronavírus. Contém, isso sim, um pedaço de informação genética que, uma vez no interior das células, a conduz a produzir a dita proteína. Acontece que ela não migra pelo organismo: é apresentada na superfície das células para depois ser detetada pelo sistema imunitário, que assim aprende a identificá-la no caso de uma exposição ao vírus.

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Rui Fonseca e Castro também sugeriu que a Ordem dos Médicos recebeu este ano, e pela primeira vez, cerca de meio milhão de euros dos laboratórios que produzem as vacinas contra a Covid-19, num “esquema de pirâmide” entre a indústria farmacêutica e a classe médica. “Isso explica como é que todos os médicos vão comentar sobre isto na televisão”, teoriza o juiz, mencionando o nome do pneumologista Filipe Froes.

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Mas não há factos que apontem nesse sentido. Desde 2013, Filipe Froes (através da empresa que detém com a mulher) recebeu cerca de 300 mil euros da indústria farmacêutica, mas como pagamento pela participação em palestras e como financiamento de estudos. Todos estes valores foram apresentados ao Infarmed, tal como ordena a lei pela transparência na relação entre médicos e farmacêuticos.

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O juiz negacionista também afirma que a Agência Lusa, por ter o Governo como principal acionista, distribui as notícias que alegadamente servem ao poder político. “Não há hipótese de haver uma comunicação mais democrática”, opinou.

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Rui Fonseca e Castro é o criador do movimento “Juristas Pela Verdade”, entretanto renomeado para “Habeas Corpus”, que contraria informações comprovadas cientificamente sobre o SARS-CoV-2 e que critica a atuação das autoridades de saúde e do poder político durante a pandemia de Covid-19.

Foi suspenso da magistratura depois de ter desafiado o diretor nacional da PSP, Manuel Magina da Silva, para uma luta de MMA. Entretanto já esteve envolvido noutras polémicas, nomeadamente ao chamar “pedófilo” ao Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, sugerindo até que tirasse a própria vida.