As diferentes faces da pandemia de Covid-19 estão expostas no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, onde através de diversos materiais se conta o percurso do vírus que alterou a vida da população mundial.
A mostra “aC/dD”, antes e depois da pandemia de Covid-19 provocada pelo novo coronavírus apresenta material recolhido em Portugal e no estrangeiro pelo Arquivo Ephemera, sob a direção-geral de José Pacheco Pereira. As peças encontram-se divididas em duas salas, em corredores opostos do museu.
Um dos espaços exibe materiais usados em meio hospitalar, como fatos cirúrgicos, ventiladores, viseiras de proteção facial, seringas, uma cama e outros equipamentos de enfermaria.
Alguns testemunhos em vídeo enquadram o trabalho por detrás da parte visível no combate ao vírus, nomeadamente equipamento desenvolvido nas faculdades da Universidade de Lisboa.
Os números da pandemia são apresentados em quadrados recortados em forma de cruz e colados ao chão, desde a data em que foram detetados os primeiros casos, em Wuhan, na China (31 dezembro de 2019), até ao momento em que Portugal alcançou o estatuto de país do mundo com maior percentagem de população vacinada. Em 25 de agosto de 2021, o país tinha já 72,84% de população com as duas doses das vacinas entretanto desenvolvidas.
A primeira morte em Portugal e o encerramento das escolas (16 março 2020), a declaração do estado de emergência, com limitações à circulação e recolhimento domiciliário, dois dias depois, estão igualmente na cronologia.
Atravessando o corredor que dá acesso à parte mais popular da exposição, encontram-se vários materiais de uso comum, como uma vasta coleção de máscaras, embalagens de gel desinfetante, cartazes, jornais, publicidade e registos de manifestações contra as medidas de confinamento, além de desenhos e ilustrações que marcam uma era; a era do vírus que paralisou cidades, países, continentes.
É nesta parte da exposição que se apresentam as reações sociais à forma como o Estado geriu a pandemia, nomeadamente de proprietários de restaurantes, encerrados pela obrigação do confinamento.
Do movimento “A Pão e Água”, cujos mentores estiveram em greve de fome em frente à Assembleia da República, exibe-se uma cruz com a inscrição “RIP” (descanse em paz) e o nome de um restaurante.
As próprias marcas, fossem de relógios ou de bebidas, aproveitaram a pandemia para manterem a publicidade aos seus produtos, o que está patente nesta área da exposição, com mensagens como “Vai ficar tudo bem” e “…beba com moderação. E fique por casa”.
Quem não quis ficar em casa saiu à rua para manifestações de maior ou menor dimensão, cujo registo está ali documentado em vídeo e em cartazes improvisados em cartão: “Temido, o medo me não assiste!” e “Quantas pessoas estão a morrer de doenças não covid? All lives Matter?” (todas as vidas importam?), foram algumas das mensagens já transformadas em peças de museu, entre muitos outros artefactos que entraram no quotidiano à escala global.
A exposição foi esta sexta-feira inaugurada e fica patente até 21 de novembro.
Entre as pessoas e entidades que contribuíram para esta apresentação ao público, a organização destaca o ilustrador André Carrilho, o Hospital de Dona Estefânia e o coordenador da ”task-force” para a vacinação contra a Covid-19, Henrique Gouveia e Melo.