Uma deputada do Partido Trabalhista agiu mal quando disse que “só as mulheres têm um colo do útero”, considerou o líder do partido, Keir Starmer, em entrevista televisiva este fim de semana. “Não é correto dizer isso“, afirmou o líder da oposição, lembrando que a “comunidade transgénero” está entre as mais “marginalizadas” e a lei precisa de mudar no sentido de “proteger” melhor essas pessoas.
A deputada em causa é Rosie Duffield, de Canterbury, que decidiu não participar num congresso do Partido Trabalhista por alegadamente ter recebido ameaças, através da Internet, provenientes de ativistas transgénero. Keir Starmer afirmou, na entrevista à BBC, que deu a sua garantia à deputada de que era seguro participar na conferência mas recusou dar-lhe apoio público.
A deputada tem vindo a ser acusada de “transfobia” depois de, há várias semanas, ter colocado um “gosto” numa publicação controversa feita por Piers Morgan, personalidade televisiva. Piers Morgan criticava, nesse tweet, o facto de a CNN falar em “indivíduos com colo do útero” – “estão a referir-se a… mulheres?”, perguntava, sarcasticamente, Morgan.
Quando alguém notou que Rosie Duffield tinha “gostado” daquela publicação, foi criticada por várias pessoas, incluindo uma ativista pelos direitos das pessoas transgénero, ligada ao Partido Trabalhista. “Juntem mais esta à lista de razões por que Rosie Duffield precisa de ser corrida – é transfóbica“, escreveu essa ativista, que se chama Sarah Cundy.
Aí, Duffield respondeu de forma indignada. “Certo, então sou transfóbica por saber que apenas as mulheres têm um colo do útero…!?”
Add to the list of reasons Rosie Duffield needs booting, she’s a transphobe too pic.twitter.com/Ju7Iyhiv3f
— Sarah (@Sarah_Cundy) July 31, 2020
A polémica subiu de tom, houve quem exigisse a demissão da deputada e foram, até, criadas contas de Twitter falsas em que alguém que se fez passar por Rosie Duffield escreveu conteúdos falsos mas que se tornaram virais – onde a pretensa deputada dizia que estava “farta de representar estas pessoas de m****”.
A deputada, através da conta real, tentou colocar água na fervura dizendo que “o que está em causa não é transfobia, é uma notícia [da CNN] sobre partes do corpo da mulher – escrita de forma insultuosa para todas as mulheres, até mesmo as transgénero e as cisgénero, na minha opinião”.
A deputada terminou dizendo que toda a pressão que sofreu não foi mais do que um “enxovalhamento comunista entediante” e interrompeu a discussão nas redes sociais.
Agora, o líder do seu partido criticou-a por ter dito o que disse. “É algo que não deve ser dito. Não é correto“, afirmou Keir Starmer, pedindo que se faça o debate em torno destas matérias com “maturidade” e “respeito” pelas pessoas.