Investigadores de vários países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão abordar na próxima semana, em São Vicente, a evolução do ensino artístico com base na prática em Cabo Verde e Moçambique, foi anunciado esta quarta-feira.

A posição foi assumida durante a apresentação do sétimo Encontro Internacional sobre Educação Artística, que vai decorrer no Mindelo, ilha de São de Vicente, de 4 a 6 de outubro, com cerca de 40 professores, investigadores e estudantes da CPLP a analisar os resultados da primeira fase do estudo sobre a educação artística, tendo em conta os casos de reestruturação em Cabo Verde e Moçambique.

“O [encontro] do ano passado, por motivos de saúde pública, resultou num ‘e-book’ que está disponível no nosso ‘site’. Este sétimo encontro sobre a educação artística tem a missão de estimular e contribuir para os processos de restruturação do ensino artístico desejados em Cabo Verde e Moçambique”, explicou a investigadora Rita Rainho, na conferência de imprensa, representando o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, de Portugal.

Segundo os organizadores, o encontro do Mindelo pretende ser um período “intenso” de discussão, para mobilizar professores e investigadores, fazendo uma ponte.

“O campo de educação ou ensino artístico tem vindo a assumir uma complexidade muito grande nos dias de hoje e tanto aqui em Cabo Verde como em Moçambique há uma história, um percurso e uma caminhada que precisam ser conhecidos, sistematizados e valorizados para que se possa conhecer não só o presente, quanto definir aquilo que é o futuro da educação artística nestes dois países“, explicou.

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Participam neste encontro mais de 40 investigadores da CPLP, para conhecerem estas duas realidades e refletirem sobre o caminho a seguir.

“Este encontro tem uma particularidade: Não se resumir a estes três dias, pois foi antecedido por um estudo prévio. Aquilo que acontece em Cabo Verde e Moçambique é que a investigação nestas áreas não está sistematizada e então consideramos que isto será uma oportunidade das instituições, das pessoas que estão no terreno a investigar sobre este assunto poderem trocar as suas experiências e sistematizá-las de forma a torná-las mais consistentes e poderem assim converter em conhecimento científico“, acrescentou a investigadora.

O projeto arrancou este ano, com um grupo de estudo sobre o ensino artístico em Cabo Verde e outro sobre o ensino artístico em Moçambique. O encontro no Mindelo consiste na segunda fase, que é a partilha dos resultados e a reflexão dos investigadores.

Emanuel Fortes, que está debruçado no estudo em Cabo Verde, ligado a quatro instituições cabo-verdianas, e também na organização o encontro, bem como à Escola Industrial e Comercial do Mindelo, sublinhou a complexidade do estudo e a exigência colocada aos investigadores.

“Começamos por fazer uma investigação exaustiva, entrevistando pessoas, consultando arquivos, fazendo estudos para desembocar naquilo que vai ser a nossa apresentação de todo panorama em Cabo Verde, mas também daquilo que almejamos para este setor”, apontou Emanuel Fortes.

Além de instituições de Moçambique, outras universidades em Portugal também “abraçaram” este sétimo encontro.

Rita Rainho explica que em Moçambique algumas instituições têm estado a assumir o estudo, como a Universidade Pedagógica do Maputo, o Serviço Provincial de Assuntos Sociais, o Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação e o Instituo Superior de Artes e Culturas.

“O sétimo encontro parte de um relacionamento do movimento intercultural identidades com várias geografias da CPLP. Este grupo tem integrado vários investigadores e daí que as suas ações passaram a ter esta componente de investigação também”, disse.

Deste encontro deverá sair ainda um livro resultante destas reflexões e do relatório final e cada um dos investigadores deverá publicar artigos e participar em conferências onde poderão ser partilhados os resultados deste encontro.

Os organizadores esperem também que estejam no encontro entidades nacionais “para que o diálogo com os decisores políticos possa ter também a capacidade de influência num estudo que sustenta num conjunto de propostas do grupo”.