A Universidade Nova de Lisboa reagiu à polémica em torno da investigadora Raquel Varela, cujo currículo foi posto em causa no âmbito de uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), acusando professores seus de fazerem acusações que “não foram provadas” e de, dessa forma, porem em causa o “seu dever de lealdade para com a instituição”.

Entre esses docentes estará o professor catedrático a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) Diogo Ramada Curto que, em declarações ao Observador, acusou aquela universidade de abrir um concurso, em junho, para a contratação de um professor auxiliar com “com currículo especialmente relevante nos domínios dos estudos interdisciplinares de Sociologia e História Global do Trabalho dos séculos XX e XXI” à medida da historiadora Raquel Varela.

“O concurso tem a fotografia dela, tanto do ponto de vista dos requisitos, como do ponto de vista da escolha do júri, que têm todos ligação a ela. É completamente restritivo”, afirmou o historiador Diogo Ramada Curto, falando num “escândalo” que o levou a escrever uma carta a dois colegas a dar conta do seu “repúdio franco e frontal” ao concurso para os quadros da faculdade que, segundo o próprio, era destinado a Raquel Varela e que por isso pode configurar uma violação do princípio da imparcialidade.

Em resposta à notícia avançada pelo Observador, a Universidade Nova de Lisboa sublinhou que a FCSH “tem órgãos competentes e adequados para dirimir qualquer situação desta natureza” e critica que o caso de Raquel Varela esteja a ser discutido por professores da faculdade no espaço público, causando “danos reputacionais gratuitos para a universidade”.

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Professor catedrático acusa FCSH de abrir concurso à medida da historiadora Raquel Varela

“Considera-se lamentável que professores da Universidade Nova de Lisboa utilizem o espaço público para fazer acusações que, até ao momento, não foram provadas, ao invés de recorrerem a esses órgãos, infligindo, desta forma, danos reputacionais gratuitos à Universidade e pondo em causa o seu dever de lealdade para com a instituição”, lê-se no comunicado enviado pela Universidade Nova às redações.

Contactada pelo Observador, a faculdade não quis especificar a que outros professores, além de Diogo Ramada Curto, se refere no comunicado, nem adiantou se serão tomadas medidas contra esses mesmos docentes.

A notícia de que Raquel Varela de que o Instituto de História Contemporânea (IHC) retirou o apoio à candidatura historiadora após terem sido detetados erros no seu currículo, nomeadamente a existência de entradas duplicadas em cinco livros e sete artigos e referências triplicadas noutros dois artigos foi avançada pelo jornal Público. Raquel Varela, no entanto, rejeita as acusações e disse que vai agir judicialmente contra o IHC. Ao Público, a direção da FCSH disse ainda ter nomeado dois elementos do seu Conselho Científico para “proceder à avaliação” dos problemas detetados pelo IHC no currículo da historiadora.

Texto atualizado às 15h50 com a informação, avançada pelo Público, que membros do Conselho Científico da FCSH vão avaliar problemas problemas detetados pelo IHC no currículo de Raquel Varela