Uma equipa de investigadores reconstruiu o último grande evento geológico em cadeia ocorrido em Tenerife, nas Ilhas Canárias há 180.000 anos — a erupção de El Abrigo — e avaliou como seria se acontecesse hoje. 

A probabilidade de que uma erupção como a de El Abrigo ocorra nos dias de hoje é muito baixa, mas o risco zero não existe e, infelizmente, as erupções ainda não podem ser previstas”, disse Marta López Saavedra, investigadora no Instituto de Geociências de Barcelona, pertencente ao Conselho Superior de Investigações Científicas (Geo3Bcn-CSIC).

Os resultados do trabalho, publicados na revista científica Journal of Geophysical Research: Solid Earth, mostram que os principais centros urbanos e as possíveis vias de evacuação a partir de Tenerife seriam afetados, uma vez que ficariam cobertos pelos depósitos de piroclastos (fragmentos de rocha expelidos pelo vulcão) e de cinza.

Além disso, a sismicidade acumulada no centro de Tenerife durante o colapso do edifício vulcânico, como aconteceu há 180 mil anos, produziria efeitos “catastróficos” em várias partes da ilha e desencadearia um deslizamento de terras “devastador” no Vale do Icod.

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Este deslizamento de terras, por sua vez, produziria um tsunami que teria um forte impacto não só nas costas norte e oeste de Tenerife, mas também em outras costas do arquipélago das Canárias.

Atualmente, o sistema vulcânico de Tenerife não se encontra numa situação semelhante à da última erupção da caldeira. Na verdade, pode levar milhares ou centenas de milhares de anos para se atingir as condições de uma erupção como a de El Abrigo”, sublinhou Marta López Saavedra.

“Os resultados obtidos durante o nosso estudo replicam o cenário mais catastrófico que pode acontecer em Tenerife, o que nos permite estabelecer um leque de situações e desenhar um protocolo de gestão de risco que não seja exagerado nos eventos mais pequenos e que não seja deficiente no caso de eventos de maior impacto”, explicou a primeira autora do artigo.

López Saavedra considera que esta análise contribuirá para “melhorar o atual Plano de Gestão de Emergências Vulcânicas das Ilhas Canárias (Pevolca), detalhando os cenários de perigo adequados e otimizando as ações de prevenção muito antes que ocorra qualquer emergência deste tipo”.

A investigadora destaca a importância de implementar melhorias nas políticas de redução de desastres pelas agências responsáveis ​​pela gestão de emergências. “Isso implica mais informação e formação para a população das Canárias.”

Artigo adaptado de Agencia Sinc. Original pode ser encontrado aqui.