O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) promove esta quarta-feira em Moçambique um debate para a consolidação da paz e reconciliação nacional, numa discussão que vai envolver políticos, especialistas e um antigo negociador do Acordo Geral de Paz.

“A conferência tem por objetivo refletir com múltiplos atores sobre os alicerces, desafios e perspetivas para a consolidação da paz e reconciliação em Moçambique e fazer advocacia para ações concretas para garantir que os processos de busca de paz sejam inclusivos“, refere em nota de imprensa a organização.

O evento é organizado em parceria com o Ministério da Justiça de Moçambique e vai contar com a presença de Raul Domingos, político e um antigo negociador do Acordo Geral de Paz.

O debate é promovido no âmbito das celebrações do Dia da Paz, que se assinalou na segunda-feira em Moçambique, feriado alusivo à assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, entre o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

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Durante 16 anos, Moçambique viveu uma guerra civil, que opôs o exército governamental e a Renamo, tendo terminado com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, entre o então Presidente Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, durante 17 meses, e que só pararam com a assinatura, a 5 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Alguns anos depois, a 6 de agosto de 2019, assiste-se ao Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro, assinado entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, a Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido de oposição.

O país volta a atravessar um período conturbado, marcado por conflitos armados no centro e norte.

Na região centro, a autoproclamada Junta Militar, um grupo dissidente da Renamo chefiado por um antigo líder de guerrilha do partido, tem protagonizado ataques armados, incursões que já causaram a morte de pelo menos 30 pessoas desde 2019.

No Norte, em Cabo Delgado, as forças governamentais, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), enfrentam uma insurgência armada que provocou uma crise humanitária com mais de 3.100 mortos, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.