O New York Times anunciou a saída de Nicholas Kristof da sua redação. O editor administrativo adjunto, que trabalhou 37 anos na publicação, estava de licença desde junho, altura em que informou a administração da sua intenção se candidatar a governador do estado de Oregon, o que o impossibilitou de continuar a sua função, devido aos estatutos do jornal, que impedem o exercício de cargos políticos por parte dos seus jornalistas.
Na última quinta-feira, Kristof apresentou a candidatura no secretariado de estado de Oregon, anunciando que vai concorrer como democrata, para substituir Kate Brown, governadora do estado desde 2015, que está impedida de se recandidatar ao cargo.
O jornalista americano venceu dois Prémios Pulitzer. O primeiro, recebido em 1990, foi atribuído pela “cobertura dos protestos na Praça Tiananmen e a pressão do exército chinês”, juntamente com a sua mulher, Sheryl WuDunn. O segundo prémio surgiu devido a colunas de opinião de Kristof sobre o genocídio em Darfur, no Sudão, em 2006.
Em comunicado a anunciar a sua saída, Nicholas Kristof assumiu que se afastava do cargo “com muita relutância”: “este foi o meu trabalho de sonho, apesar da malária, de um acidente de avião no Congo, e das detenções ocasionais pela prática de jornalismo.”
Na mesma publicação, o jornalista justificou a sua decisão de abandonar a área com a sua paixão pelo seu estado natal:
Tive a oportunidade de conhecer presidentes e tiranos, prémios Nobel e senhores de guerra, enquanto visitava 160 países. E precisamente por ter um excelente emprego, editores incríveis e os melhores leitores, posso estar a ser um idiota, por sair. Mas todos sabem o quanto eu amo Oregon, e o que passei com o sofrimento de antigos amigos de lá. Por isso, relutantemente, concluí que devia tentar, não só expor problemas, mas também procurar resolvê-los.”, disse Nicholas Kristof.
O editor do New York Times, Arthur Sulzberger, elogiou o jornalista que termina agora a carreira, em comunicado:
“Nick é um dos melhores jornalistas da sua geração. Como repórter e colunista, ele personificou os melhores valores da nossa profissão. É tão empático como destemido. É tão mente aberta como firme nos seus princípios. Ele não foi apenas testemunha, chamou a atenção a problemas e pessoas que outros estavam confortáveis a ignorar.”, declarou Sulzberger.
Kathleen Kingsbury, editora de opinião do jornal, afirmou que Kristof “redefiniu o papel de um colunista de opinião” e “elevou o jornalismo para um novo patamar de serviço público, com uma mistura de reportagem inclusiva, profunda empatia e uma determinação para testemunhar o sofrimento de pessoas de todo o mundo.”