Nuno Melo, candidato a presidente do CDS-PP, criticou esta sexta-feira o líder do partido por admitir adiar o congresso em caso de chumbo do Orçamento do Estado, rejeitando ir “atrás das perturbações internas da geringonça”.
O presidente do CDS-PP admitiu na quinta-feira que o congresso do partido possa ser adiado caso o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) seja chumbado, mas considerou “uma encenação política” as ameaças da esquerda de voto contra.
Sejamos claros: os partidos com força e os líderes com maturidade não aceitam chantagens de um primeiro-ministro incompetente nas tarefas do Governo e do bem comum, mas conhecido pelas manobras táticas que servem apenas o seu interesse pessoal”, afirmou esta sexta-feira Nuno Melo, numa publicação na rede social Facebook.
E defendeu que “um partido de oposição não marca e desmarca congressos porque o primeiro-ministro faz ameaças”, argumentando que “uma direita confiável não vai atrás das perturbações internas da ‘geringonça’, nem condiciona a sua estratégia às armadilhas do poder socialista”.
Na ótica do eurodeputado, “sejam quais forem os cenários do Orçamento de Estado, na generalidade ou na especialidade, o CDS tem de mudar“, argumentando que “se já era desejável, agora é imperativo”, porque “com lideranças fracas e hesitantes o CDS corre riscos demasiado graves”.
Considerando que “os militantes do CDS merecem respeito”, o candidato garantiu que não deixará que “sejam privados dos seus direitos democráticos mais legítimos”.
Caso o atual líder do CDS pretenda suspender a realização de um congresso livre que verdadeiramente teme, pensando apenas no poder próprio que quer salvaguardar com base em pretextos, não teremos outra alternativa que não seja recorrer a todos os militantes, mobilizando todos os apoios que temos recebido, no sentido das alternativas democráticas que os estatutos nos confiram”, afirmou Nuno Melo.
O também líder da distrital de Braga do CDS-PP, e antigo vice-presidente do partido, acusou também a direção de “ziguezague permanente” e o presidente de dar “o dito por não dito” por admitir “suspender o congresso que o próprio tinha convocado”.
“O que se viu ontem foi a direção do CDS a mimetizar a estratégia e as declarações do PSD e do seu presidente, subalternizando o partido mais uma vez na busca de pretextos para adiamento do congresso agendado para a data que quis impor, por perceber que a candidatura alternativa que represento soma apoios todos os dias de Norte a Sul, nos Açores e na Madeira”, advogou Nuno Melo, salientando que “o CDS não é um apêndice do PSD”.
Na sua ótica, “a falta de maturidade democrática não durou nem sequer uma semana e prejudica gravemente a imagem da instituição que é o CDS. Quem comanda não tem medo, liderança não anda ao sabor do vento”.
Reiterando que “a direção do partido estava a desrespeitar todos os prazos, processos e regras de integridade democrática, na forma como pretendia marcar o congresso”, o candidato à liderança frisou que é candidato “pelo bem do CDS e não com medo do que o PS ameace fazer, ou porque pretenda copiar o que o PSD pretende ser”.
Nuno Melo defendeu ainda que o primeiro-ministro “quer um cenário de crise política e de eleições antecipadas o mais rapidamente possível para poder disputá-las com o PSD e com o CDS na sua configuração atual e com as lideranças atuais”, indo a votos com o CDS “como está agora, o mais fraco possível e sem uma liderança credível e mobilizadora”.
O 29.º Congresso do CDS-PP está agendado para 27 e 28 de novembro.
No Conselho Nacional de domingo, Nuno Melo (e também vários apoiantes) criticou que aconteça no mesmo fim de semana da reunião magna do Chega, pedindo o adiamento.
Numa outra publicação no Facebook, o eurodeputado apontou que “nunca” convocaria “um Congresso em plena discussão do Orçamento de Estado”.
São candidatos à liderança do partido o eurodeputado Nuno Melo e o atual presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos.