A porta-voz do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, Inês de Sousa Real, acusou esta segunda-feira o Volt de utilizar “práticas do pior que existe em política” e classificou de “oportunismo político indescritível” a anunciada filiação do eurodeputado Francisco Guerreiro (ex-PAN) naquele partido.

“É um defraudar das legítimas expectativas dos eleitores que deram ao PAN um lugar no Parlamento Europeu. É de um oportunismo político indescritível”, afirmou Isabel de Sousa Real, em declarações aos jornalistas.

No domingo, o partido europeísta anunciou que o eurodeputado independente Francisco Guerreiro (ex-PAN) vai filiar-se no Volt quando terminar o seu mandato em Estrasburgo.

A eleição da nova direção do Volt Europa, Francesca Romana D’Antuono e Renier van Lanscho para copresidentes europeus, decorreu na assembleia-geral, no sábado e domingo, no Centro de Congressos de Lisboa, e a que assistiram presencialmente cerca de 500 membros e, por via digital, cerca de mais 18 mil, acrescentou a organização em comunicado.

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Eurodeputado eleito pelo PAN anuncia filiação no Volt no final do mandato europeu

Esta segunda-feira, em declarações à agência Lusa nas minas de Covas, Vila Nova de Cerveira, à margem de uma visita que realizou à Serra d’Arga, no distrito de Viana do Castelo, para conhecer alguns dos locais que poderão ser alvo de prospeção e pesquisa de lítio, a porta-voz do PAN, acusou o Volt de “desrespeitar” os eleitores do PAN.

“O Volt que diz ser um partido diferente dos outros do sistema utiliza práticas do pior que existe em política e não cede o lugar ao PAN. É defraudar e desrespeitar os eleitores do PAN porque temos um programa ideológico completamente diferente do Volt, temos também uma agenda política bastante diferente e neste momento Francisco Guerreiro está a representar um partido que não o elegeu para o Parlamento Europeu”, frisou Isabel de Sousa Real.

A deputada do PAN disse tratar-se de “um total desrespeito pelos eleitores” do partido e com o qual, defendeu, “o Volt não deveria compactuar”.

“Francisco Guerreiro não tem, neste momento, qualquer legitimidade para estar no Parlamento Europeu quando ainda por cima assume, descaradamente, que vai filiar-se no Volt. O que deveria fazer é entregar o lugar ao partido a quem esse lugar pertence, que é o PAN”, realçou.

Inês de Sousa Real garantiu que o PAN “continuará a trabalhar para retomar, numa próxima eleição, a representação no Parlamento Europeu”.

Temos a certeza de que os eleitores não se esquecerão deste oportunismo político, quer de Francisco Guerreiro, e agora, lamentavelmente, do Volt”, alertou.

Francisco Guerreiro desvinculou-se do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) em 2020.

Na nota enviada à imprensa, o Volt Portugal anunciou a filiação futura de Francisco Guerreiro citando as declarações do eurodeputado no comunicado: “A minha aproximação ao Volt é natural porque este é um movimento ecologista e europeísta que combate os populismos e as ideologias mais extremadas na União Europeia.”

“Independentemente do meu futuro político e profissional, no primeiro dia depois do final do meu mandato juntar-me-ei oficialmente ao Volt Portugal, garantindo que até lá cumpro com o programa para o qual fui eleito respeitando as prioridades políticas a que me propus. Prioridades estas que convergem em boa parte com a visão do Volt”, lê-se ainda.

O Volt Europa é um partido federalista e pan-europeu que surgiu internacionalmente como movimento em março de 2017, como reação ao Brexit, iniciado por um coletivo de estudantes nos EUA.

Andrea Venzon é o fundador deste movimento, que já é partido político em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, Alemanha, Bulgária, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca, França, Reino Unido ou Suécia.

O movimento, que surgiu em Portugal a 28 de dezembro de 2017 e foi oficializado como partido político pelo Tribunal Constitucional em junho de 2020, conta com um eurodeputado no Parlamento Europeu, Damian Boeselager, eleito pelo Volt Alemanha nas eleições de maio de 2019.