Barcelona, Real Madrid, Manchester City, Chelsea, etc. Não são de agora e não vão acabar tão cedo as histórias e os rumores em torno de Erling Haaland, o poderoso avançado norueguês do B. Dortmund que, aos 21 anos, é já uma das figuras incontornáveis ao nível da eficácia da hora de rematar à baliza. Ao ser um dos melhores pontas de lança do futebol mundial, é normal ver o seu nome associado às melhores equipas, não que os germânicos não se encaixem neste lote, mas porque há quem tenha ainda mais tradição e, sobretudo, mais dinheiro. Além disto, sabe-se que o B. Dortmund é um clube vendedor, que faz da prospeção e das camadas jovens um ponto assente na ideia da melhor forma de reforçar a equipa principal. Comprar barato, ou formar, e vender caro. Sempre sem comprometer o clube.

E os jogadores que saem de Dortmund à procura de outros voos chegam às novas equipas com as asas bem compostas. Há casos contrários, claro, mas mais exceção à regra do que outra coisa. Regra essa que é feita de nomes como Lewandowski, Aubameyang, Hummels, Dembélé, Pulisic, Sancho, ou até Weigl, por exemplo, que agora alinha pelo Benfica, entre outros.

A verdade é que a equipa onde alinha o português Raphaël Guerreiro (ausente esta terça-feira) pauta-se muito por esta ideia e, mesmo que já não seja campeã desde Jürgen Klopp, ajudando também para isso que tenha uma das melhores equipas do mundo como rival (e amigo), é um adversário que ninguém gosta de enfrentar, tenham os rapazes de Dortmund 18 anos, como o craque Jude Bellingham, ou 32, como Hummels.

Por isso, tinha até alguma lógica o que Erik Ten Hag, treinador do Ajax, disse sobre a equipa alemã, orientada por Marco Rose: “É insultuosa para a restante equipa a forma como se fala do B. Dortmund. Não vamos jogar contra o Haaland, vamos jogar contra o B. Dortmund e só falam dele. O B. Dortmund é uma excelente equipa, com um grande avançado e que, como equipa, teremos de parar”.

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E o Ajax, como toda a gente sabe, é talvez um dos clubes que mais e melhor forma jogadores, desde há décadas, tendo no currículo quer Ligas dos Campeões conquistadas só com a formação e jogadores locais, quer vendas consideráveis de, normalmente, atletas jovens, como foram os casos recentes de Frenkie de Jong, para o Barcelona, e Matthijs de Ligt, para a Juventus, depois da última grande campanha da equipa de Amesterdão na Liga dos Campeões, quando chegou à meia-final da competição pela primeira vez em 22 anos, em 2019. Ou seja, desde 1997, precisamente quando o B. Dortmund, com Paulo Sousa, venceu a Champions.

Ten Hag referiu na antevisão que tinha de parar toda a equipa do B. Dortmund e não apenas Haaland, sendo igualmente verdade que a equipa alemã tinha de parar todo o conjunto neerlandês, que sempre tem valido pelo seu todo, apesar de individualidades como o experiente Tadic, o goleador Haller (como bem sabe o Sporting) ou Antony, irreverente jogador brasileiro de 21 anos.

Além de um jogo entre os dois líderes do Grupo C da Liga dos Campeões, era também um encontro de formas de ver o futebol.

E foi um dos capitães de equipa a abrir o marcador, mas na baliza errada. O eterno Reus, dos poucos da sua geração que não saiu de Dortmund, traiu o seu guarda-redes na marcação de um canto do Ajax e fez autogolo, colocando a sua equipa a perder logo aos 11′. Muitos talvez considerassem o B. Dortmund favorito, mesmo jogando fora, mas a perder as coisas complicaram-se, ficando ainda mais difíceis quando, num jogo que acabou por ter pouca história, o experiente Blind fez o 2-0 num bom golo, decorridos 25′.

Marco Rose mexeu na equipa ao intervalo e muito cedo no segundo tempo, mas seria o Ajax a fazer o 3-0 e a começar a montar a goleada, através do brasileiro Antony. À entrada para os últimos 20 minutos, foi o inevitável Haller a marcar de cabeça e estabelecer o resultado final de 4-0. Além de conseguir inventar golos com facilidade, levando já 43 em 13 jogos oficiais, o Ajax deixou o campo não só com uma merecida ovação, mas também com a liderança isolada do grupo que tem ainda Sporting e Besiktas.